Chile protesta contra sistema de aposentadorias herdado de Pinochet
Manifestantes queimaram pneus e outros objetos, além de incendiarem dois ônibus
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Em ao menos 27 pontos da capital, manifestantes queimaram pneus e outros objetos, conseguindo paralisar o trânsito em várias zonas no horário de pico durante a manhã. Dois ônibus que circulavam com passageiros foram parados e posteriormente queimados com coquetéis molotov, em uma ação que não deixou feridos. "Não é certo que, por mais legítimas que sejam as reivindicações, a maioria dos cidadãos seja prejudicada", declarou o subsecretário do Interior e Segurança, Mahmud Aleuy.
Após o meio-dia, milhares de pessoas se reuniram na Praça das Armas de Santiago para exigir o fim das Administradoras de Fundos de Pensões, as instituições privadas que administram os fundos de aposentadoria dos
trabalhadores chilenos. De lá, os manifestantes seguiram em passeata até a sede do governo, onde enfrentaram a polícia, que utilizou bombas de gás lacrimogêneo e jatos d'água para dispersar a multidão.
Em todo o Chile, foram registradas 29 passeatas, com a participação de cerca de 15 mil pessoas em Santiago e outras 60 mil em todo o país, segundo o ministério do Interior. A polícia deteve 87 pessoas e sete carabineiros ficaram feridos.
O sistema de previdência criado no início da década de 80 pela ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) utiliza a capitalização individual do trabalhador, com uma contribuição de 10% do salário, sem qualquer contrapartida da empresa. Mas após três décadas de funcionamento, o sistema fracassou em sua promessa de entregar como aposentadoria 70% do último salário do trabalhador. Hoje, em média, as aposentadorias no Chile estão abaixo do salário mínimo, em torno de 398 dólares.