China censurou informação sobre coronavírus na internet por semanas, diz estudo do Canadá

China censurou informação sobre coronavírus na internet por semanas, diz estudo do Canadá

Doença apareceu em dezembro, mas só foi reconhecida pelo governo local em janeiro

AFP

Estudo canadense indica que governo chinês teria censurado informações sobre coronavírus

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A China começou a censurar na internet qualquer referência ao novo coronavírus, que agora afeta mais de 70 países e territórios, semanas antes de reconhecer oficialmente a extensão da epidemia, segundo um estudo publicado nesta terça-feira no Canadá. O vírus apareceu em dezembro em Wuhan, uma cidade no Centro da China cujos 11 milhões de habitantes foram colocados em quarentena desde o final de janeiro. No entanto, a gravidade da epidemia foi reconhecida publicamente apenas em 20 de janeiro, quando o presidente Xi Jinping pediu para conter a propagação do vírus. 

Entre o final de dezembro e meados de fevereiro, o Citizen Lab, um instituto especializado no controle de informações anexo à Universidade de Toronto, encontrou mais de 500 palavras-chave e frases bloqueadas na plataforma de vídeo YY e no popular aplicativo de mensagens WeChat. Os dois aplicativos chineses também censuraram as críticas aos líderes chineses sobre a gestão da epidemia.

Mensagens contendo palavras-chave como "pneumonia", "controle e prevenção de doenças" ou "vírus" foram censuradas no WeChat em 14 de fevereiro, de acordo com testes realizados pelo Citizen Lab. "Este é um caso único no qual o bloqueio de informações pode potencialmente prejudicar a saúde pública", limitando "a capacidade de os cidadãos serem informados e protegidos", disse Lotus Ruan, pesquisadora do Citizen Lab. 

Alguns termos censurados se referiam a informações que mais tarde se tornaram oficiais, como o fato de o vírus ser contagioso entre os seres humanos. Em nome da estabilidade, é comum na China que os gigantes da internet eliminem conteúdo considerado politicamente sensível ou indesejável, geralmente descrito como "rumores". 

Os médicos de Wuhan que alertaram o vírus foram acusados pela polícia de espalhar boatos, como Li Wenliang, que morreu em decorrência do vírus no início de fevereiro e cuja morte causou indignação popular. As críticas que se seguiram contra as autoridades da região de Wuhan, acusadas de abafar as infomações, provocaram a demissão de várias. No início de fevereiro, o presidente chinês Xi Jinping pediu um controle ainda mais rígido das discussões on-line para garantir "energia positiva" e estabilidade no país.

 


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