CIA alerta para “falhas” na vigilância de extremistas após ataques em Paris

CIA alerta para “falhas” na vigilância de extremistas após ataques em Paris

Agência Central de Inteligência avalia que o grupo Estado Islâmico planeja operações semelhantes aos atentados na França

AFP

CIA alerta para falhas na vigilância de extremistas após ataques em Paris

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A Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) avalia que o grupo Estado Islâmico (EI) provavelmente prepara outras operações semelhantes aos atentados cometidos em Paris na sexta-feira e alertou sobre "falhas" na vigilância dos extremistas por precauções sobre a proteção da privacidade.

“Penso que esta não é a única operação que o grupo Estado Islâmico estava preparando”, disse o diretor da CIA, John Brennan. “Certamente não considero estes ataques de Paris um acontecimento isolado”, acrescentou o funcionário ao falar em um círculo de reflexão em Washington. 

O EI “não se contenta em limitar suas atividades mortais no Iraque e na Síria e a desenvolver bases locais no Oriente Médio, Ásia e no sudeste da África, mas tem um programa de operações no exterior que aplica agora com efeitos letais”, declarou Brennan. O chefe de Inteligência americano falava três dias depois dos atentados em Paris que provocaram pelo menos 129 mortos, assim como do ataque reivindicado pelo EI contra um avião russo, que matou 224 pessoas no Egito.

A advertência de Brennan vai ao encontro de líderes ocidentais, como o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, que alertou nesta segunda-feira que a França e a Europa devem se preparar para novos atentados. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, considerou nesta segunda-feira que os ataques realizados em Paris "poderiam ter sido cometidos" no Reino Unido, depois que sete atentados foram frustrados nos "últimos seis meses" no país.

O diretor da CIA disse que os "serviços de segurança e de inteligência estão trabalhando febrilmente" para descobrir estes planejamentos para lançar atentados. "Trabalhamos estreitamente com nossos parceiros franceses", principalmente para compreender a forma de operar dos autores dos ataques, destacou.

Dificuldades para seguir comunicações

"A segurança operacional" das redes extremistas é "bastante forte", explicou Brennan, lamentando que os serviços de segurança careçam de meios para acompanhar as comunicações dos extremistas. Segundo ele, isto é principalmente consequência das revelações de Edward Snowden sobre os programas de vigilância da Agência de Segurança Nacional (NSA) americana.

"Espero que estes ataques favoreçam uma tomada de consciência" sobre estes temas, "particularmente nas regiões da Europa onde se gerou uma imagem negativa destas técnicas de escuta e vigilância", afirmou. "É hora de perguntar se não ocorreram falhas, intencionalmente ou não, na capacidade dos serviços de inteligência e de segurança para proteger as pessoas", arriscou.

As revelações de Snowden sobre o alcance da intervenção das comunicações pela NSA provocaram uma onda de protestos em todo o mundo, Nos Estados Unidos, o Congresso aprovou em seguida uma lei propondo o fim do armazenamento de metadados das ligações telefônicas de americanos por parte da NSA, que agora é confiado a empresas privadas.

As principais agências de inteligência americanas como a CIA e o FBI, multiplicaram as advertências sobre tecnologias de criptografia introduzidas no mercado por gigantes da internet como Apple ou Google, que podem ser usadas pelos extremistas para se comunicar e preparar seus atentados.

Brennan destacou, ainda, que está em contato com seus colegas russos para a luta contra o grupo Estado Islâmico, principalmente para ajudar Moscou a enfrentar a ameaça dos russos que partiram para combater na Síria e no Iraque nas fileiras do EI, retornando em seguida ao seu país. "Estamos trocando informação", inclusive depois da entrada em combate da Rússia na Síria, acrescentou. "Isto ainda deve ser melhorado", mas "estou decidido a continuar trabalhando com meus colegas russos", acrescentou.

"É inevitável que o grupo Estado Islâmico e outros grupos terroristas continuem tentando" atentados, mas "não é inevitável que tenham êxito", afirmou.

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