Coalizão dirigida pelos EUA anuncia início de retirada das tropas na Síria

Coalizão dirigida pelos EUA anuncia início de retirada das tropas na Síria

Donald Trump anunciou regressos dos dois mil militares estacionais no país do Oriente Médio em dezembro

AFP

Intervenção militar norte-americana na Síria teve início em 22 de setembro de 2014

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A coalizão internacional antijihadista dirigida pelos Estados Unidos anunciou, nesta sexta-feira o início da retirada das tropas da Síria. Segundo o porta-voz, coronel Sean Ryan, "por preocupação com a segurança operacional, não discutiremos prazos, locais, ou movimentos de tropas". Em dezembro do ano passado, o presidente Donald Trump disse que pretendia iniciar a retirada dos dois mil soldados americanos estacionados na Síria. Ele garantiu que o Estado Islâmico (EI) havia sido derrotado, o que justifica o retorno do efetivo militar.

O diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman, relatou que "forças americanas se retiraram na quinta-feira à noite da base militar de Rmeilan, na província de Hasaka", no leste do país. "Trata-se da primeira retirada das forças americanas desde que o presidente (Donald Trump) fez seu anúncio", acrescentou.

Além disso, o Exército americano já começou a retirar alguns equipamentos da Síria, um funcionário da Defesa, pedindo para não ser identificado. "Posso confirmar o movimento de equipamentos da Síria. Por razões de segurança, não vou dar mais detalhes neste momento", afirmou. A remoção de equipamentos nos últimos dias foi relatada pela primeira vez pela rede CNN, que citou um funcionário da pasta ligado à operação. A fonte da emissora americana não detalhou a carga, nem como está sendo transportada.

A coalizão tem outras bases no nordeste desse país, assim como no vizinho Iraque, onde o presidente ainda pretende manter suas tropas. Foi criada em 2014, após a meteórica emergência do EI na Síria e sua conquista de grandes faixas neste país, do mesmo modo que no Iraque, criando um autoproclamado califado. As Forças Democráticas Sírias (FDSs), uma milícia curdo-árabe que conta com o apoio de Washington, está tentando expulsar os extremistas do EI de seus últimos bolsões de resistência, no vale do Eufrates.

Vários países participam da coalizão, entre eles, Reino Unido e França. Ainda não se sabe se o início de retirada também incluirá as tropas francesas e britânicas no terreno. "O presidente Trump tomou a decisão de retirar nossas tropas, e vamos fazer isso", declarou ontem o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, que está em uma ampla viagem pelo Oriente Médio, sem se referir a um cronograma. A retirada anunciada por Trump deixa seus aliados curdos mais expostos do que nunca.

Para garantir sua sobrevivência diante das ameaças turcas, tiveram de buscar amparo no governo de Bashar al-Assad, mesmo que às custas de seus planos de maior autonomia no norte do país. Na quinta-feira, a Turquia voltou, inclusive, a reafirmar sua ameaça de uma ofensiva contra esses combatentes curdos da Síria, considerados por Ancara como "terroristas" e aliados dos curdos turcos do PKK.

Outro ponto é que a retirada parece ir contra a intenção dos EUA de conter a influência iraniana na região e de proteger Israel. Segundo os observadores, o anúncio da retirada militar dos EUA deverá representar uma redistribuição de forças e de alianças nessa já complicada região. "O dano já está feito. No terreno, o anúncio da retirada (dos Estados Unidos) tem os mesmos efeitos que se a retirada já tivesse acontecido", afirma Fabrice Balanche, geógrafo especializado em Síria.

Fuga em massa de refugiados

Cerca de 25 mil pessoas fugiram dos combates no leste da Síria, nos últimos seis meses, informou a ONU nesta sexta-feira. Em nota, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) disse estar "profundamente preocupado com as informações sobre um número crescente de vítimas civis - entre elas inúmeras mulheres e crianças - e de deslocamentos em massa de populações civis no enclave de Hajin", último bolsão do EI, na província de Deir Ezzor.  A fuga se dá, muitas vezes, após passarem várias noites no deserto, expostas a duras condições climáticas, sem água e sem comida. O Acnur estima que cerca de dois mil civis ainda estejam presos na zona afetada pelos combates ao redor de Hajin

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