"Coalizão multirracial e geracional" dá vitória a Sanders em Nevada e consolida força do senador

"Coalizão multirracial e geracional" dá vitória a Sanders em Nevada e consolida força do senador

Com a vitória, ele rebate o argumento de muitos moderados de que não conseguiria estabelecer pontes entre progressistas e centristas

AFP

Senador está em campanha no Texas

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O senador progressista Bernie Sanders conquistou no sábado uma vitória decisiva nas assembleias eleitorais (caucus) de Nevada e consolidou a liderança na disputa democrata para obter a indicação como candidato que enfrentará o presidente Donald Trump nas eleições de novembro. A vitória é muito significativa porque o estado de Nevada é considerado uma espécie de indicador geral por seu peso nas primárias. Também deixa evidente que o democrata tem a capacidade de estabelecer uma coalizão que vai além dos eleitores esquerdistas. Com a vitória, ele rebate o argumento de muitos moderados de que não conseguiria estabelecer pontes entre progressistas e centristas.

Na manhã deste domingo, com os resultados oficiais sendo divulgados lentamente, Sanders tem ampla vantagem após a apuração de 50% dos centros de votação. Senador por Vermont, ele tem o apoio de 46,6% dos eleitores do estado. O ex-vice-presidente Joe Biden aparece em segundo, com 19,2%. O ex-prefeito de South Bend, Indiana, Pete Buttigieg, que conseguiu uma vitória impactante em Iowa há três semanas, está em terceiro com 15,4%. As duas mulheres – ambas senadoras – na disputa, a progressista Elizabeth Warren e a pragmática Amy Klobuchar, registram cerca de 10% dos votos.

Ainda na noite de sábado, Sanders não demorou a reivindicar vitória. Ele afirmou que sua "coalizão multirracial e multigeracional" que venceu em Nevada "vai arrasar no país". Durante um discurso, o senador reiterou as promessas de reforma no sistema de saúde, luta contra a mudança climático, maior controle da posse de armas e aumento do salário mínimo.

O senador estava em El Paso, Texas, um dos 14 estados que organizará primárias na "Super Terça" de 3 de março.  "O povo americano está farto de um governo baseado na ganância, corrupção e mentiras. Quer um governo baseado nos princípios de justiça", afirmou diante de uma multidão que gritava o seu nome. 

Felicitações e críticas

Buttigieg felicitou Sanders por seu "bom desempenho", mas também destacou as divergências entre ambos. O ex-prefeito declarou que o rival considera o capitalismo "a origem de todos os males". "Vai além de uma reforma e vai reorganizar a economia de uma forma que a maioria dos democratas – e os americanos – não apoiam", disse. Empatado virtualmente com Sanders em primeiro lugar em Iowa e vencedor na semana passada em New Hampshire, Buttigieg está bem posicionado na disputa enquanto as primárias seguem para a Carolina do Sul e depois para a "Super Terça".

"Parece que o 'Louco Bernie' está indo bem no Grande Estado de Nevada", tuitou Trump, que ironizou os demais pré-candidatos democratas. "Biden e o resto parecem fracos, e de nenhuma maneira Mini Mike (Bloomberg) consegue reiniciar sua campanha após o pior desempenho em um debate na história dos debates presidenciais. Felicitações Bernie; não deixe que eles tirem isso de você", completou.

Com a disputa democrata ganhando cada vez mais um aspecto nacional, alguns candidatos como Klobuchar, Warren ou a congressista Tulsi Gabbard serão pressionados para decidir se continuam em campanha ou desistem do sonho. O centrista Biden, desesperado para ganhar espaço após os resultados decepcionantes nos dois primeiros estados que organizaram as primárias, afirmou que se sentia "realmente bem" com o apoio obtido em Nevada. "Estamos vivos e estamos retornando", disse o pré-candidato que já foi o favorito na disputa. "Agora vamos para a Carolina do Sul para vencer e vamos nos recuperar", completou.

Warren volta a atacar Bloomberg

O ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg não participou nos caucus de sábado, pois decidiu concentrar a campanha na "Super Terça", para a qual gastou mais de 438 milhões de dólares de sua fortuna. Durante o debate de quarta-feira, a senadora Elizabeth Warren criticou duramente Bloomberg, exigindo que revogue os acordos de confidencialidade assinados por sua empresa com várias mulheres.

A campanha de Bloomberg anunciou na sexta-feira que liberaria os acordos de confidencialidade de três pessoas por casos relacionados a denúncias por comentários feitos no ambiente de trabalho. Depois de tomar conhecimento dos resultados de Nevada, o chefe de campanha de Bloomberg, Kevin Sheekey, alertou os eleitores que "escolher um candidato que apela a uma pequena base eleitoral, como o senador Sanders, seria um erro fatal".

 

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