Colômbia reforça as restrições para mais da metade de sua população devido à pandemia

Colômbia reforça as restrições para mais da metade de sua população devido à pandemia

Departamentos e municípios com ocupação de mais de 70% de suas UTIs terão restrições de mobilidade e proibições

AFP

País de 50 milhões de habitantes é o segundo com mais casos de Covid-19 na região

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Mais de 30 milhões de pessoas entrarão em um confinamento mais rígido na Colômbia por cinco dias a partir desta quinta-feira, devido ao aumento da transmissão do coronavírus após as festas de Natal. O país sul-americano de 50 milhões de habitantes é o segundo com mais casos de Covid-19 na região (1,7 milhão) e o terceiro com maior número de mortes (44.700).

Diante do aumento da velocidade de propagação do vírus e na véspera do feriado que comemora o dia dos Reis Magos no país, o governo apertou as medidas de confinamento para evitar o colapso do sistema de saúde.

A partir desta quinta e até terça-feira, departamentos e municípios com ocupação de mais de 70% de suas unidades de terapia intensiva (UTI) terão restrições de mobilidade e proibição de reuniões em espaços públicos ou privados.

Os departamentos com essa pressão sobre seu sistema de saúde são Cundinamarca (centro), Antioquia (noroeste), Valle del Cauca (sudoeste), Norte de Santander (nordeste), Risaralda (noroeste), Tolima (oeste), Nariño (sudoeste), Putumayo (sudoeste), Caldas (noroeste) e as cidades de Bogotá (centro), Medellín (noroeste) e Cali (sudoeste), que juntas têm cerca de 32 milhões de habitantes.

A capital, com quase oito milhões de habitantes e principal fonte de contágio, declarou "alerta vermelho" com mais de 86% de suas UTI ocupadas.

"Acreditamos que a nova cepa de coronavírus que foi identificada no Reino Unido (...) afetando cidadãos com teste positivo com 50% de carga viral adicional já estaria circulando na cidade de Bogotá", declarou a prefeita Claudia López em uma coletiva de imprensa.

O presidente local ordenou o confinamento total da população de quinta-feira à meia-noite até terça-feira. A partir dessa data, um toque de recolher noturno seguirá até 17 de janeiro.

Desafio da vacinação

A Colômbia detectou o primeiro caso de Covid-19 em março de 2020 e desde aquele mês um confinamento estrito estava em vigor em todo o país. Depois de seis meses de pandemia e pressionado pelo desastre econômico, o presidente conservador Iván Duque optou em setembro por uma política baseada no autocuidado, no uso obrigatório de máscaras e na abertura gradual de todos os setores.

Os alarmes voltaram a ser disparados antes do aumento do número de casos de Covid-19 e do anúncio de uma nova cepa no Reino Unido, ainda não oficialmente identificada no país.

O epidemiologista e professor da Universidad del Rosario, Carlos Trillos, descreveu a situação atual do coronavírus na Colômbia como "grave", após dois dias consecutivos com "o maior número de casos da história da pandemia", mais de 16.800 infecções diárias. "É um reflexo do comportamento das pessoas nas festividades de final de ano, em que muitos relaxaram e não cumpriram as medidas preventivas e de biossegurança", explicou o especialista à AFP.

A esperança está na imunização da população a partir de fevereiro, segundo o governo, que já comprou vacinas para 29 milhões de pessoas dos laboratórios Pfizer, Janssen, AstraZeneca e do convênio Covax, da Organização Mundial do Saúde.

O departamento de estatísticas do estado revelou em dezembro que apenas metade (56%) dos colombianos tem interesse em tomar a vacina. É "um obstáculo (...) gerado em grande parte pelos movimentos antivacinas, com disseminação massiva de mensagens irresponsáveis nas redes sociais sem respaldo científico, que geram medo na população", disse Trillos.

Além disso, especialistas alertam para um desafio logístico para cobrir as regiões mais remotas do país.


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