Colin Powell morre aos 84 anos por complicações da Covid-19

Colin Powell morre aos 84 anos por complicações da Covid-19

Militar foi o primeiro negro a ser secretário de Estado nos EUA

Correio do Povo e AFP

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O primeiro negro a ser secretário de Estado nos EUA, Colin Powell, morreu aos 84 anos, em decorrência de complicações da Covid-19. O anúnciou foi feito pela família do ex-secretário nesta segunda-feira (18) por meio do Facebook. "O general Colin L. Powell, ex-secretário de Estado dos EUA e presidente do Estado-Maior Conjunto, faleceu esta manhã devido a complicações da Covid 19. Ele foi totalmente vacinado. Queremos agradecer à equipe médica do Centro Médico Walter Reed por seu tratamento cuidadoso. Perdemos um marido, pai, avô notável e amoroso e um grande americano", diz a publicação. 

Powell esteve presente em várias administrações do partido republicano do país e sua participação no governo influenciou grandemente a política externa estadunidense. Ele foi conselheiro de Segurança Nacional na administração de Ronald Reagan, participou da coalização dos EUA durante a Guerra do Golfo e foi secretário de Estado de George W. Bush até 2005.

Defensor da guerra no Iraque, Powell fez um longo discurso em 5 de fevereiro de 2003 no Conselho de Segurança da ONU sobre as armas de destruição em massa que o regime de Bagdá supostamente possuía. Seus argumentos foram a base para justificar a invasão do país algumas semanas depois. Anos mais tarde, ele admitiu que o caso era uma "mancha" em sua reputação."É uma mancha... e sempre fará parte do meu histórico. Foi doloroso. É doloroso agora", disse Powell em uma entrevista ao canal ABC News em 2005.

Nascido em 5 de abril de 1937 no Harlem, ele cresceu em Nova Iorque e se formou em Geologia. O militar também participou do Corpo de Treinamento de Oficiais da Reserva (ROTC) na faculdade e, ao se formar em junho de 1958, recebeu a patente de segundo-tenente do exército dos Estados Unidos e foi enviado para a então Alemanha Ocidental.

Ele recebeu a condecoração "Purple Heart" (Coração Púrpura), uma das mais importantes distinções militares, mas também enfrentou críticas por seu relatório sobre as centenas de mortes em My Lai. Para alguns, descartava qualquer acusação de crime. 

"Doutrina Powell"

De volta a Washington, rapidamente ascendeu nas Forças Armadas. Foi conselheiro de Segurança Nacional do presidente republicano Ronald Reagan e chefe do Estado-Maior conjunto de 1989 a 1993, nos governos do também republicano George H.W. Bush e do democrata Bill Clinton. As experiências de Colin Powell no Vietnã, quando era um jovem soldado, levaram-no a desenvolver a chamada "Doutrina Powell". Segundo ela, se os Estados Unidos tivessem de intervir em um conflito estrangeiro, deveriam mobilizar uma força esmagadora baseada em objetivos políticos claros. 

Para muitos americanos, ele foi o rosto da Guerra do Golfo de 1991 contra o Iraque. Sua popularidade disparou após a guerra relâmpago que expulsou as forças de Saddam Hussein do Kuwait. Por algum tempo, seu nome chegou a ser considerado para disputar a Presidência dos Estados Unidos. Depois de passar à reserva do Exército, em 1993, Powell se dedicou, no entanto, a trabalhar pelos jovens desfavorecidos como presidente da America's Promise, uma organização de apoio à juventude.  Durante anos, contornou as perguntas sobre a intenção de ocupar um cargo público, até que o republicano George W. Bush convidou-o para comandar o Departamento de Estado, como 65º secretário de Estado da história do país. "Espero que sirva de inspiração para os jovens afro-americanos", declarou Powell, ao aceitar o cargo no fim de 2000. "Não há limites para vocês", disse à época. 

 A guerra no Iraque

Os quatro anos de Powell no Departamento de Estado (2001-04) foram marcados pela decisão de invadir o Iraque em 2003. Inicialmente, Powell tentou uma política mais prudente, buscando apoios contra a ala dos falcões no gabinete de W. Bush, enquanto tentava convencer os aliados para que o apoiassem. Tudo em vão. Apoiou a invasão até o fim de seu mandato, o que rendeu a ele fortes críticas desde então. "Sabia que não tinha outra opção", alegou Powell, em entrevista ao jornal "The New York Times", em julho de 2020. "Que opção eu tinha? É o presidente". 

Republicano progressista

Powell admitiu abertamente que suas opiniões sociais progressistas faziam dele um companheiro estranho para muitos republicanos, embora o partido com frequência apresentasse-o como um exemplo de sua capacidade de inclusão. "Ainda sou republicano. E acredito que o Partido Republicano precisa mais de mim do que o Partido Democrata", declarou ao canal MSNBC, em 2014. "Você pode ser republicano e continuar se preocupando com temas como a imigração e melhorar nosso sistema educacional, assim como fazer algo sobre alguns dos problemas sociais que existem em nossa sociedade e em nosso país", disse.

A partir de 2008, no entanto, ele apoiou os democratas nas eleições presidenciais: Barack Obama, duas vezes; e, depois, Hillary Clinton e Joe Biden. Powell recebeu várias homenagens civis, incluindo duas vezes a Medalha Presidencial da Liberdade, por parte de Bush pai e Clinton. Powell se casou em 1962 com Alma Jonhson, uma audiologista que preside atualmente a America's Promise. O casal teve três filhos: Michael, Linda e Annemarie.

 


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