Combatentes ucranianos da siderúrgica de Mariupol se rendem após meses de batalha

Combatentes ucranianos da siderúrgica de Mariupol se rendem após meses de batalha

Entre os combatentes que entregaram as armas estão 80 feridos, que foram levados para um hospital em território controlado pela Rússia

AFP

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A Rússia anunciou nesta quinta-feira que 1.730 militares ucranianos que estavam entrincheirados na siderúrgica Azovstal de Mariupol se renderam esta semana, após uma batalha que se tornou emblemática na guerra que já dura quase três meses.

Entre os combatentes que entregaram as armas estão 80 feridos, que foram levados para um hospital em território controlado pela Rússia, informou o ministério da Defesa da Rússia.

O ministério divulgou um vídeo que mostra soldados saindo da usina, alguns visivelmente feridos e outros utilizando muletas. Soldados russos os revistam e inspecionam suas mochilas.

De acordo com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, "centenas de prisioneiros de guerra ucranianos" estariam na usina de Mariupol, uma cidade portuária destruída pelos bombardeios russos.

Apesar da queda de Mariupol, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou que a invasão russa era "um fracasso absoluto".

"Eles têm medo de reconhecer que cometeram erros catastróficos no mais elevado nível militar e estatal", disse.

Em uma mensagem divulgada no Telegram, Zelensky afirmou que a população permanece "forte, inquebrantável, corajoso e livre".

"Garantir a solvência de Kiev"

Os países do G7 reúnem-se nesta quinta-feira e sexta-feira na Alemanha, para apoiar a economia ucraniana, com a prioridade de concluir uma nova rodada de financiamento para cobrir o orçamento ucraniano para o atual trimestre.

Os sócios do G7 (Estados Unidos, Japão, Canadá, França, Itália, Reino Unido e Alemanha) têm que "garantir a solvência da Ucrânia", afirmou o ministro das Finanças da Alemanha, Christian Lindner, ao jornal Die Welt.

A invasão provocou um rombo nas finanças do país, com uma queda expressiva da arrecadação fiscal e um déficit de 5 bilhões de dólares mensais.

A respeito de uma adesão da Ucrânia à União Europeia (UE), O chanceler alemão Olaf Scholz afirmou que é contra conceder a Kiev um "atalho".

"É um imperativo de equidade para os seis países dos Bálcãs Ocidentais que desejam há muito tempo entrar para o bloco europeu", afirmou.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, denunciou um "tratamento de segunda divisão por parte de "algumas capitais europeias" a respeito da candidatura da Ucrânia à UE.

Ucrânia perde terreno no leste

A operação militar iniciada por Moscou em 24 de fevereiro empurrou Suécia e Finlândia para uma aproximação da Otan.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, recebe nesta quinta-feira os chefes de Governo dos dois países para discutir seu pedido de entrada na Organização do Tratado do Atlântico Norte, o que modificaria o mapa de segurança na Europa.

"Dou boas-vindas calorosas e apoio com veemência os pedidos históricos" da Finlândia e da Suécia, afirmou Biden em um comunicado, no qual citou os dois países como "parceiros incondicionais de longa data".

A adesão exige o apoio unânime dos 30 países da Otan. O principal obstáculo é a Turquia, que acusa os dois países nórdicos de abrigar extremistas separatistas do Curdistão, que estão em conflito há décadas com Ancara.

O presidente russo, Vladimir Putin, que justificou em parte a invasão da Ucrânia pela expansão da Otan até as fronteiras de seu país, afirmou que a entrada dos dois países nórdicos "não representa uma ameaça direta".

Mas ele destacou que a "expansão da infraestrutura militar a estes territórios vai gerar uma resposta" da Rússia, que compartilha 1.300 quilômetros de fronteira com a Finlândia.

No âmbito militar, as forças ucranianas estão perdendo terreno na frente leste do Donbass, uma bacia de mineração controlada parcialmente por separatistas pró-Rússia desde 2014.

No sudeste da Rússia, o governador da região de Kursk, Ramon Starovoit, denunciou um ataque que deixou um morto e vários feridos em Tetkino, perto da fronteira com a Ucrânia.

A situação é mais calma em Kiev, onde o governo dos Estados Unidos reabriu sua embaixada, que estava fechada desde 14 de fevereiro, 10 dias antes do início da guerra.

"Perdão"

Mais de seis milhões de ucranianos fugiram para o exterior e mais de oito milhões viraram deslocados internos, para fugir das tropas russas que acumulam acusações de crimes de guerra de Kiev e dos países ocidentais.

O primeiro soldado russo julgado na Ucrânia por crimes de guerra pediu "perdão" nesta quinta-feira em um tribunal de Kiev ao detalhar como matou um civil no início da invasão russa.

"Sei que você não poderá me perdoar, mas, mesmo assim, peço perdão", afirmou o sargento russo Vadim Shishimarin, de 21 anos, à esposa do civil de 62 anos que ele admitiu ter matado no nordeste da Ucrânia em 28 de fevereiro.

O governo russo afirmou que não tem informações sobre o caso, mas que a maioria das denúncias na Ucrânia são "falsas ou encenações".

As acusações também são investigadas pelo Tribunal Penal Internacional, que enviou 42 observadores ao país, e pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU.


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