Como o Hamas usou as redes sociais para semear o terror em Israel

Como o Hamas usou as redes sociais para semear o terror em Israel

Combatentes armados transmitiram o assassinato de uma idosa no Facebook

AFP

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O assassinato de uma idosa transmitido no Facebook, combatentes armados anunciando por telefone aos israelenses a morte de seus entes queridos, vídeos humilhantes de reféns em Gaza, são exemplos da propaganda maciça do Hamas, que visa paralisar Israel usando o terror, segundo especialistas.

No sábado, Mor Bayder contou que não recebeu a habitual mensagem de sua avó: "Mor, meu amor, você está acordada?". Em vez disso, a jovem israelense relatou que descobriu nas redes sociais imagens "brutais" do assassinato de sua avó, durante a ofensiva lançada pelo movimento islâmico palestino Hamas em uma vila na fronteira com a Faixa de Gaza.

"Um terrorista invadiu sua casa, a matou, pegou seu telefone, fotografou o horror e publicou em seu perfil do Facebook. Foi assim que descobrimos", detalhou em um testemunho arrepiante publicado na rede social e compartilhado por vários membros de sua família.

Em declarações à emissora israelense Canal 13, Mor Bayder contou, chorando, que o assassino ligou para sua tia para obrigá-la a ver as imagens da idosa "caída em um banho de sangue" em sua casa em Nir Oz, um kibutz localizado a dois quilômetros da Faixa de Gaza, onde vários israelenses estão desaparecidos desde o ataque do Hamas.

Divulgação intencional

Desde sábado, o Hamas tem difundido numerosos atos de violência através de fotos e vídeos. "É intencional: o objetivo é gerar um sentimento de impotência, paralisia e humilhação", explicou Michael Horowitz, analista de segurança da consultoria Le Beck International.

Em um vídeo que se tornou viral, uma jovem aparece nua, aparentemente inconsciente, na parte de trás de uma caminhonete em meio aos gritos de homens armados. Sua mãe a identificou como Shani Louk, uma jovem israelense-alemã de cerca de 20 anos que participava de uma festa "rave" no sábado, que se transformou em um massacre no deserto. Segundo uma ONG israelense, o Hamas chacinou cerca de 250 pessoas que estavam na festa.

Outras imagens de uma família prostrada no chão deram a volta ao mundo. Um menino de seis ou sete anos chora e se recusa a acreditar que sua irmã morreu.

Ele pergunta à mãe se ela vai voltar, que responde: "Não", e se lança sobre seu filho para protegê-lo no momento em que as pernas que parecem ser de um sequestrador passam na frente da câmera. Esses métodos de propaganda não são novos para o Hamas, observou o pesquisador Ruslan Trad, do laboratório de análise digital do Atlantic Council (DFRLab). Mas estão "muito mais sofisticados" e "sem precedentes nesta escala" devido ao grande número de vítimas israelenses, algo também inédito.

Na ofensiva surpresa e maciça lançada pelo movimento islamita palestino, comparada por Israel ao 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, mais de 800 israelenses morreram e há mais de 2.600 feridos, segundo o último balanço do governo. Do lado palestino, pelo menos 687 pessoas morreram na Faixa de Gaza e mais de 3.700 ficaram feridas, segundo as autoridades locais.

Trolls iranianos e russos

Esses relatos também encontram forte repercussão porque são "sistematicamente retransmitidos por trolls - pessoas com identidade desconhecida que publicam mensagens provocativas - iranianos e russos, e amplificados pelos meios de comunicação estatais", acrescentou David Colon, professor da universidade Sciences Po Paris.

Além disso, segundo ele, "a atitude ambígua da China com plataformas como o TikTok deixa passar muito conteúdo chocante". Quanto à rede social X, antigo Twitter, seu novo chefe, Elon Musk, "reduziu ao mínimo as equipes de moderação, e os vídeos insuportáveis, que em outros tempos teriam sido removidos imediatamente, permanecem online por horas", detalhou Colon.

"O Hamas e os meios de comunicação palestinos, que estão associados ou não, estão fornecendo evidências de crimes de guerra", indicou Michael Horowitz, referindo-se a esse movimento islâmico que já foi classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia após uma série de ataques suicidas nas décadas de 1990 e 2000. "O Hamas e seus aliados não temem ser acusados de cometer crimes de guerra e massacres; eles consideram as instituições globais inúteis e apoiadas pelo Ocidente", enfatizou.


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