Conselho de Segurança da ONU exige ajuda humanitária em Gaza em larga escala

Conselho de Segurança da ONU exige ajuda humanitária em Gaza em larga escala

Resolução foi aprovada após intensas negociações com 13 votos a favor, nenhum contra e duas abstenções

AFP

"se não tomarmos medidas drásticas, haverá fome em Gaza", diz a embaixadora dos Emirados Árabes Unidos, Lana Zaki Nusseibeh

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O Conselho de Segurança da ONU exigiu, nesta sexta-feira, 22, a entrega de ajuda humanitária em larga escala à população de Gaza sem pedir um cessar-fogo imediato, uma medida rejeitada pelos Estados Unidos, apesar da pressão internacional.

A resolução, aprovada após intensas negociações com 13 votos a favor, nenhum contra e duas abstenções (Estados Unidos e Rússia), "exige que todas as partes autorizem e facilitem a entrega imediata, segura e sem obstáculos de assistência humanitária em grande escala" em Gaza e "criem as condições para um cessar duradouro das hostilidades".

Também exige o uso de "todas as rotas de acesso e circulação disponíveis em toda a Faixa de Gaza, incluindo as passagens de fronteira (...) para o fornecimento de ajuda humanitária"."Sabemos que não é um texto perfeito, sabemos que apenas um cessar-fogo porá fim ao sofrimento", comentou a embaixadora dos Emirados Árabes Unidos, Lana Zaki Nusseibeh, autora do texto.

Mas "se não tomarmos medidas drásticas, haverá fome em Gaza", e este texto "responde com ações à desesperadora situação humanitária do povo palestino", acrescentou, antes da votação do texto na sede da ONU em Nova York.

"É um passo na direção certa e deve ser aplicado e acompanhado de uma pressão maciça por um cessar-fogo imediato", reagiu o embaixador palestino na ONU, Riyad Mansour. "Um cessar-fogo humanitário é o único meio de começar a responder às necessidades desesperadas da população de Gaza e pôr fim ao seu pesadelo", disse, por sua vez, o secretário-geral da ONU, António Guterres, que admitiu que "esperava mais" firmeza por parte do Conselho de Segurança.

O "verdadeiro problema", segundo Guterres

Criticando diretamente Israel, Guterres disse que o "verdadeiro problema" para fornecer ajuda a Gaza é "a maneira como Israel está conduzindo esta ofensiva", que "está criando enormes obstáculos à distribuição de ajuda humanitária".Israel afirmou, após a votação, que "por motivos de segurança" continuará a inspecionar toda a ajuda humanitária para o território palestino, disse o ministro das Relações Exteriores, Eli Cohen.

O embaixador israelense na ONU, Gilad Erdan, afirmou após a votação que "não se pode confiar que a ONU controle a ajuda que entra em Gaza".Já o Hamas considerou a medida "insuficiente".A resolução constitui "uma medida insuficiente, que não responde à situação catastrófica criada pela máquina de guerra sionista", afirmou o grupo islamista em um comunicado.

A resolução, aprovada após longas discussões sobre a postura americana de usar seu direito de veto, é menos ambiciosa do que a proposta apresentada no domingo pelos Emirados, que incluía o pedido de um "cessar urgente e duradouro das hostilidades".Uma emenda russa que pretendia retomar o apelo a uma "suspensão urgente das hostilidades", que teve 10 votos a favor e 4 abstenções, foi bloqueada pelos Estados Unidos."Este é um momento trágico para o Conselho", denunciou o embaixador russo na ONU, Vassili Nebenzia, criticando a "chantagem" americana.

O Conselho de Segurança, criticado por sua inação desde o início da guerra, adiou por vários dias a votação da resolução para evitar um novo veto, em um momento em que os habitantes da Faixa de Gaza, bombardeados pelas forças israelenses em retaliação ao ataque do Hamas em 7 de outubro, estão ameaçados pela fome. Esta é a segunda vez que o organismo consegue alcançar um acordo em torno de uma resolução sobre o conflito.

Seu texto anterior, de 15 de novembro, pedia "pausas humanitárias". Outras cinco propostas foram rejeitadas em dois meses, duas delas vetadas pelos Estados Unidos, a última em 8 de dezembro.

"Luz de esperança"

"Levamos muitos dias e muitas noites longas de negociações para fazer as coisas certas, mas hoje este Conselho traz uma luz de esperança em um oceano de sofrimento inimaginável", disse a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield.

As negociações sobre esta nova resolução também foram intensas em torno dos termos para definir um mecanismo de acompanhamento que garanta o caráter "humanitário" da ajuda.Outro ponto sensível foi a ausência de uma condenação - e até mesmo do nome - do Hamas, criticada por Israel e pelos Estados Unidos.

O texto lamenta "todos os atos de terrorismo", bem como "todos os ataques contra civis", e exige a libertação "incondicional" dos reféns mantidos cativos pela organização palestina.


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