Contagem regressiva para ultimato da Cedeao contra golpistas do Níger

Contagem regressiva para ultimato da Cedeao contra golpistas do Níger

Órgão anunciou aos golpistas o prazo de sete dias para o retorno de Bazoum ao poder, sob pena do uso da "força

AFP

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A pressão da comunidade internacional aumentou neste sábado (5) sobre os golpistas que tomaram o poder no Níger, na véspera do fim do ultimato da Comunidade Econômica de Estados de África Ocidental (Cedeao), que citou a possibilidade de uma intervenção militar.

Os líderes da Cedeao definiram na sexta-feira um plano de uma possível intervenção militar para reverter o golpe de Estado de 26 de julho, que derrubou o presidente do Níger, Mohamed Bazoum.

"Foram definidos todos os elementos de uma possível intervenção, incluindo os recursos necessários e como e quando iremos mobilizar essa força", disse o comissário de Assuntos Políticos e Segurança da Cedeao, Abdel-Fatau Musah, ao final de uma reunião em Abuja (Nigéria).

Em 30 de julho, a Cedeao anunciou aos golpistas o prazo de sete dias, ou seja, até a noite de domingo (6), para o retorno de Bazoum ao poder, sob pena do uso da "força".

Vários exércitos da região, como o de Senegal, afirmaram que estão preparados para enviar soldados.

A Costa do Margim também pode participar na intervenção, afirmou uma fonte da delegação marfinense em Abuja. "A decisão de intervir está nas mãos dos políticos", disse.

Solução diplomática

Mali e Burkina Faso, também governados por juntas que tomaram o poder após golpes de Estado e que foram suspensos pela Cedeao, expressaram apoio aos militares de Níger e afirmaram que qualquer intervenção seria considerada "uma declaração de guerra" contra estes países.

Chade, grande potência militar africana e vizinho do Níger, mas que não integra a Cedeao, anunciou que não participará em uma eventual intervenção que defende o diálogo.

Os golpistas do Níger, liderados pelo general Abdourahamane Tiani, prometeram uma "resposta imediata a qualquer agressão".

A solução diplomática continua sendo prioritária para a Cedeao.

Várias potências ocidentais também defenderam o diálogo. A Alemanha pediu a continuidade dos "esforços de mediação", enquanto a França destacou que apoia os esforços da Cedeao para reverter o golpe de Estado no Níger.

"A ameaça de recorrer à intervenção por parte destes países deve ser levado muito a sério", declarou a ministra francesa das Relações Exteriores, Catherine Colonna.

"Vigilância" cidadã

Depois de França, Alemanha e Holanda, o governo dos Estados Unidos, aliado importante do Níger, suspendeu os programas de ajuda, mas anunciou a manutenção da ajuda humanitária "vital".

A ajuda ao governo "depende da governabilidade democrática e do respeito à ordem constitucional", afirmou o secretário de Estado americano, Antony Blinken.

Em Niamey, os últimos dias foram marcados por manifestações de apoio aos golpistas.

"Níger será o túmulo da 'Cedeao dos chefes de Estado', para dar lugar à 'Cedeao dos povos'", afirmou na sexta-feira o secretário-geral da União dos Estudantes do Níger, Bakin Batoure Almoustapha.

A junta militar fez um apelo para que a população do Níger permaneça "alerta diante de espiões e das Forças Armadas estrangeiras". Também pediu, em um decreto, que os nigerinos comuniquem "qualquer informação relacionada com a entrada ou a movimentação de pessoas suspeitas".

As relações entre a junta militar do Níger e a ex-potência colonial França se deterioraram rapidamente.

Os golpistas abandonaram na quinta-feira os acordos de cooperação na área de segurança e defesa com a França, que mantém um contingente militar de 1.500 soldados no Níger para a luta contra os movimentos extremistas.

 

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