Corte decide que Pequim não tem direitos históricos no Mar da China Meridional

Corte decide que Pequim não tem direitos históricos no Mar da China Meridional

Segundo instância, capital asiática não tem base legal

AFP

Corte decide que Pequim não tem direitos históricos no Mar da China Meridional

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A China não tem base legal para exigir "direitos históricos" sobre a maior parte das águas no mar da China Meridional, decidiu nessa terça-feira em Haia a Corte Permanente de Arbitragem (CPA) sobre esta disputa que gera tensões
no Sudeste asiático.

Em sua decisão de 479 páginas, a CPA, baseada em Haia, afirma que Pequim carece de base legal para exigir direitos históricos sobre a maior parte das águas neste mar. Pequim, que boicota as audiências, reagiu afirmando que "não aceita ou reconhece" a decisão da CPA.



"Qualquer que sejam as circunstâncias, a suposta decisão de arbitragem (...) não terá a menor influência nos direitos de soberania territorial ou nos interesses marítimos da China", declarou o presidente Xi Jinping, citado pela agência Xinhua. Já o governo filipino "saudou" a decisão do tribunal internacional e fez um apelo à moderação, por intermédio de seu chanceler, Perfecto Yasay.

Violação de direitos soberanos

Pequim reivindica a quase totalidade deste mar rico em hidrocarbonetos, provocando disputas com seus vizinhos Filipinas, Vietnã, Malásia e Brunei.

Para apoiar suas reivindicações, a China ampliou ilhas ou arrecifes e criou neles pistas de pouso, portos e outras instalações, como faróis. As Filipinas apresentaram uma demanda em 2013 ante a CPA, considerando que a China viola com suas pretensões a Convenção da ONU sobre o Direito do Mar (CNUDM).

A Corte também afirma que "a China violou os direitos soberanos das Filipinas em sua zona econômica exclusiva" de 200 milhas marinhas, ao "interferir em sua exploração pesqueira e de petróleo" mediante a "construção de ilhas artificiais". A CPA afirma que barcos chineses cometeram "atos ilícitos" e que certas zonas reivindicadas por Pequim "estão incluídas" nas águas filipinas.

Pouco depois que a sentença foi divulgada, Pequim respondeu que "não aceita ou reconhece" a decisão da CPA, cujas audiências foram boicotadas pelo gigante asiático. "A China indicou muitas vezes que a CPA", contactada "de forma unilateral pelo governo filipino (anterior), não tem nenhuma jurisdição" sobre este assunto, indicou a agência oficial chinesa Xinhua.

Por sua vez, o governo filipino saudou a decisão da CPA, em uma declaração realizada nesta terça-feira em Manila pelo Secretário de Relações Exteriores, Perfecto Yasay. As Filipinas, que propuseram compartilhar com a China os recursos da zona, apelaram, no entanto, para a moderação. 

Zona marítima estratégica

Além de seus recursos, o mar da China Meridional é atravessado por múltiplas rotas marítimas, vitais para o comércio mundial. Há meses, Pequim repetia que a CPA não tem competência no assunto, e que portanto não reconheceria a sentença.

 A China fundamenta suas demandas em uma delimitação chamada das "nove raias", que apareceu nos mapas chineses nos anos 1940. Mas o tribunal chegou à "conclusão de que não há base legal para que a China reivindique direitos históricos sobre as zonas marítimas no interior da linha das nove raias".

Um meio de comunicação oficial chinês havia afirmado nesta terça-feira, antes da decisão, que Pequim "não recuará nem um passo" depois da sentença da CPA. O próprio presidente Xi Jinping havia afirmado no início do mês que seu país não cederia em temas de soberania. "Nós não causamos problemas, mas também não temos medo", insistiu o presidente.

Os Estados Unidos, aliado militar das Filipinas, afirmam não se posicionar na disputa que opõe Manila e Pequim. No entanto, Washington enviou navios de guerra para patrulhar perto do arrecife de Scarborough e no arquipélago das Spratleys, reivindicado pela China, com o apoio do porta-aviões USS Ronald Reagan, segundo o jornal americano Navy Times.

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