Croácia permite entrada de migrantes bloqueados na fronteira com Sérvia

Croácia permite entrada de migrantes bloqueados na fronteira com Sérvia

Informação é de voluntário tcheco que trabalha no local

AFP

Croácia permite entrada de migrantes bloqueados na fronteira com Sérvia

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A Croácia autorizou na tarde desta segunda-feira a entrada no país de milhares de migrantes que estavam bloqueados na fronteira com a Sérvia. "A polícia croata abriu a fronteira e todos os refugiados que estavam (aglomerados) diante da passagem fronteiriça entraram" no país, declarou Jan Pinos, um voluntário tcheco que está trabalhando no local. 

Após o fechamento da fronteira da Hungria com a Croácia, os migrantes se viram obrigados a passar pela Eslovênia para prosseguir sua viagem. No entanto, o governo esloveno anunciou que limitará a entrada de migrantes em seu território a 2.500 por dia. Ao mesmo tempo, o governo húngaro comemorou o fato de ter detido de modo eficaz o trânsito de migrantes por seu território depois de fechar as fronteiras com a Sérvia e a Croácia. Budapeste informou que apenas 41 pessoas entraram ilegalmente em seu território no domingo.

Nesta segunda-feira, quase mil pessoas permaneceram bloqueadas na fronteira eslovena, antes da Croácia permitir a entrada no território da União Europeia (UE). Cerca de 3.000 puderam cruzar a fronteira. Algumas crianças, de pés descalços, tremiam com o frio. Eles devem se juntar na fronteira croata-eslovena com centenas de outros que esperam entrar na Eslovênia desde domingo. "As autoridades croatas e eslovenas devem agir de forma urgente para encontrar uma solução, porque muitos migrantes estão bloqueados desde ontem entre os dois países", ressaltou a ONG da Anistia Internacional. "Tentamos administrar as entradas de forma coordenada para evitar sobrecarregar as capacidades de alojamento da Eslovênia. Damos prioridade aos mais vulneráveis", disse Bojan Kitel, porta-voz da polícia. 

Apesar dos controles reforçados, quase 10.000 migrantes entraram entre a noite de sábado e o fim da tarde de domingo na Macedônia, procedentes da Grécia. Muitos desejam chegar à Alemanha, onde a chanceler Angela Merkel defende a política de portas abertas, apesar das críticas.

Veneno

As autoridades alemãs estão preocupadas com o avanço da extrema-direita e o aumento de ataques contra locais que abrigam os refugiados. O país continua em choque depois do esfaqueamento, por motivos racistas, de Henriette Reker, que no domingo foi eleita prefeita de Colonia, onde ela era a secretária responsável pela recepção dos migrantes. O porta-voz de Merkel, Steffen Seibert, recordou as palavras da chanceler no discurso de Ano Novo de 2015: "Não sigam aqueles que têm preconceitos e inclusive ódio no coração".

A frase foi lembrada pelo porta-voz como uma referência ao Pegida, que programou um protesto para a noite desta segunda-feira em Dresden (Saxônia) para celebrar o seu primeiro aniversário. O movimento islamofóbico reúne entre 7.000 e 9.000 pessoas a cada semana para protestar contra a chegada de centenas de milhares refugiados ao país. O grupo espera um número maior nesta segunda-feira. "Agora está claro: os que organizam (as manifestações) são extremistas de direita", afirmou no sábado o ministro alemão do Interior, Thomas De Maizière. "Permaneçam afastados daqueles que estimulam o ódio no país, este veneno", disse.

Uma contramanifestação também foi convocada em Dresden, com o lema "Mais coração que perseguição". Em vários países europeus, sobretudo na Áustria, os movimentos populistas estão ganhando espaço. O caso mais recente aconteceu na Suíça, à margem até agora da crise migratória, onde a direita que faz campanha contra a imigração conseguiu um grande avanço nas eleições legislativas de domingo. A União Europeia, que tenta administrar a crise migratória excepcional protagonizada por centenas de milhares de sírios, afegãos e iraquianos em fuga dos conflitos em seus países, não consegue coordenar a resposta ao desafio. 

Nova onda

Merkel se reuniu no domingo com as principais autoridades da Turquia no domingo para negociar o "plano de ação" europeu que pretende envolver Ancara, permitindo que os migrantes, principalmente sírios, permaneçam em seu território. O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, elogiou o "melhor enfoque" da UE a respeito do país, que já recebeu dois milhões de refugiados sírios, ao recordar que a Turquia havia sido "deixada sozinha".

Apesar do elogio, Davutoglu advertiu nesta segunda-feira que a Turquia não abrigará imigrantes de forma permanente para acalmar a UE e que o país "não é um campo de concentração". Merkel e Davutoglu expressaram preocupação com uma "nova onda" de refugiados sírios procedentes da região de de Aleppo, na fronteira com a Turquia, onde avançam as tropas do regime de Damasco.

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