Delegados anti-Trump provocam caos na convenção republicana em Cleveland

Delegados anti-Trump provocam caos na convenção republicana em Cleveland

Centenas gritaram indignados por lhes terem negado o voto sobre as complexas normas partidárias

AFP

Delegados anti-Trump protestaram na convenção

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Delegados opositores ao magnata Donald Trump provocaram confusão nesta segunda-feira na abertura da convenção republicana, indignados por lhes terem negado o voto sobre as complexas normas partidárias. "Vergonha! Vergonha!", gritavam centenas de delegados, ao que se seguiram mais gritos de simpatizantes de Trump, em uma nova demonstração das profundas divisões que persistem no Partido Republicano, que tenta unir forças em torno do milionário para concorrer com a democrata Hillary Clinton nas eleições presidenciais de novembro.

O ambiente na Quicken Loans Arena ficou tenso quando opositores e partidários de Trump se enfrentaram aos gritos e vaias, após um regulamento da convenção ser adotado por aclamação, sem a votação exigida pelos delegados rebeldes. Em meio à confusão, o diretor de debates bateu o martelo e decidiu contra os opositores a Trump. "Assim se comportam os camisas pardas", disse Gordon Humphrey, em alusão às SA, unidades paramilitares nazistas. Humphrey havia entregue o pedido oficial, firmado por delegações de nove Estados para exigir uma votação formal sobre as regras da convenção.

Apesar da confusão, a derrota marcou o fim do movimento "Stop Trump", que pretendia mudar as regras internas para romper o compromisso dos delegados de votar segundo os resultados das primárias, favoráveis ao magnata.

O Partido Republicano abriu a convenção que deve oficializar Trump como candidato às eleições presidenciais de novembro realizando um minuto de silêncio em homenagem aos policiaismortos no domingo, em Baton Rouge. Em seguida, diversos oradores repetiram capítulos do credo conservador e atacaram o presidente Barack Obama e a candidata democrata Hillary Clinton. O polêmico magnata deve se apresentar à noite na Quicken Loans Arena, onde sua esposa, Melania, uma ex-modelo eslovena 24 anos mais jovem que ele, fará um discurso.

Espera-se que nos próximos quatro dias de convenção seja resolvida a complicada relação entre o polêmico magnata e o "Grand Old Party". O evento, um verdadeiro show politico, acontece em Cleveland (Ohio), uma cidade de 400 mil habitantes que está sob fortes medidas de segurança. A morte de três policiais no domingo, em um tiroteio na cidade de Baton Rouge, Louisiana, aumentou o nível de alerta nesta pequena cidade do norte do país, onde as autoridades ergueram um círculo de aço ao redor epicentro da convenção.

Várias ruas foram fechadas ao tráfego e outras, obstruídas com barricadas de concreto - até mesmo caminhões tira-neve tiveram as férias de verão suspensas para manter à distância possíveis manifestantes.

Milhares de policiais do estado de Ohio e de outras jurisdições do país, inclusive forças federais, estarão em guarda entre 18 e 21 de julho para a convenção.

O show de Trump

Fora questões de violência, Trump tem preocupações mais imediatas, uma vez que seu estilo cáustico e heterodoxo, sem esquecer sua inexperiência política, provocaram profundas divisões no Partido Republicano. Melania e os quatro filhos mais velhos do magnata serão usados durante a convenção para emprestar um rosto mais humano ao candidato.

Sua escolha de Mike Pence, governador de Indiana, de postura cristã ultraconservadora, como vice parece ter agrado a corrente conservadora do partido. Em uma primeira entrevista conjunta, Trump evitou falar sobre Pence, e revelou porque o escolheu: "uma das razões é a unidade partidária, porque sou um 'outsider'".

O primeiro protesto anti-Trump ocorreu no domingo e reuniu algumas dezenas de manifestantes a alguns quarteirões do centro de convenções. "Ele vai nos levar de volta à idade das trevas", disse à AFP Carol Steiner, trabalhadora médica aposentada.

Mais de 100 mulheres posaram nuas em Cleveland, atendendo a uma convocação do fotógrafo Spencer Tunick, que busca conjugar arte e política para mostrar Trump como alguém incapaz de ocupar a Casa Branca.

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