Deputados britânicos rejeitam pela terceira vez o acordo do Brexit
Resultado deixa a premiê britânica Theresa May em situação ainda mais delicada
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Os deputados britânicos rejeitaram pela terceira vez nesta sexta-feira, dia em que o Reino Unido deveria sair da União Europeia, o acordo Brexit negociado por Theresa May, mergulhando o futuro do país em grandes incertezas. O Tratado de Retirada foi derrubado por 344 votos a 286 no final de uma série de votações caóticas. Após o resultado, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, convocou uma cúpula extraordinária de líderes europeus para 10 de abril.
In view of the rejection of the Withdrawal Agreement by the House of Commons, I have decided to call a European Council on 10 April. #Brexit
— Donald Tusk (@eucopresident) March 29, 2019
O acordo com o qual May esperava encerrar 46 anos de integração britânica na UE é um calhamaço de 585 páginas, 185 artigos e 3 protocolos. Inclui, entre outras questões, os direitos dos cidadãos europeus no Reino Unido e vice-versa, a conta de 39 bilhões de libras que Londres deve pagar e o polêmico "backstop". Prevê também um período de transição, até o final de 2020, mas que poderá ser prorrogado por um período máximo de dois anos, para que as empresas e os governos tenham tempo para fazer as adaptações necessárias. Esse período seria necessário também para que Londres e Bruxelas possam negociar os termos de sua futura relação nas áreas de comércio, política externa, ou cooperação policial.
May lamenta nova derrota
Após a votação, a premiê disse que recebeu a informação com um “profundo pesar”. “Mais uma vez não pudemos apoiar a saída da União Europeia de uma forma ordeira. As implicações da decisão são graves. Agora o Reino Unido deve deixar a União Europeia em 12 de abril. Em apenas 14 dias. Isso não é tempo suficiente para concordar, legislar e ratificar um acordo, e, ainda assim, a Câmara tem sido clara que não permitirá uma saída sem um acordo”, afirmou.
“Dessa forma, teremos que concordar com um caminho alternativo. A União Europeia tem sido clara no sentido de que qualquer nova prorrogação terá de ter uma proposta clara e terá de ser aprovada por unanimidade pelos chefes dos outros 27 Estados-Membros antes de 12 de abril. É também quase certo que o Reino Unido seja obrigado a realizar eleições parlamentares europeias”, continuou.
May receou que os parlamentares estejam atingindo os limites do processo na Câmara. “Esta Casa rejeitou um 'não-acordo'. Rejeitou um 'não-Brexit'. Na quarta-feira, rejeitou todas as variações de acordos na mesa. E, hoje, rejeitou aprovar o acordo de retirada e continuar um processo sobre o futuro. Este governo continuará a pressionar pelo Brexit ordenado que o resultado do referendo exige", finalizou.
Ela ainda anunciou que, na segunda-feira, a Parlamento continuará o processo para verificar se existe uma maioria estável para uma versão alternativa específica do futuro relacionamento com a UE. Frisou, contudo, que todas as opções exigirão o acordo de retirada.
Saída abrupta
Uma saída abrupta, sem acordo, do Reino Unido da União Europeia (UE), no dia 12 de abril, agora é o cenário mais provável, afirmou uma porta-voz da Comissão Europeia depois que o Parlamento britânico rejeitou novamente o acordo do Brexit. A fonte indicou ainda que os europeus se preparam para este cenário desde dezembro de 2017. "A UE permanecerá unida", acrescentou.