Manifestantes queimaram imagens de Donald Trump, Mike Pompeo e Benjamin Netanyahu nesta terça-feira em uma grande rua da Cisjordânia ocupada para protestar contra a nova política dos Estados Unidos em relação às colônias de Israel. Milhares de palestinos protestaram no centro de Nablus, contra a decisão de Washington, anunciada na semana passada pelo secretário de Estado Mike Pompeo, de parar de considerar as colônias israelenses contrárias ao direito internacional.
Também em Ramalá e Hebron, milhares de palestinos participaram deste "Dia de Fúria", com bandeiras em chamas dos Estados Unidos e Israel. Em Beit El, no centro da Cisjordânia, Wahida Jihan, carrega um pneu para bloquear a estrada. "Se não acordarmos agora", diz a mulher, "eles confiscarão nossa terra e matarão nossos prisioneiros".
Entre os manifestantes, muitos mostram imagens de Sami Abu Diyak, um prisioneiro palestino de 36 anos, condenado em Israel por assassinato e que, segundo as autoridades da prisão, morreu de câncer nesta terça-feira. Em Ramalá, a sede da Autoridade Palestina, o primeiro-ministro palestino Mohamad Chtayeh e outros líderes políticos se juntaram às marchas. "Estamos aqui para dizer clara e fortemente que queremos acabar com a ocupação, reivindicamos nosso direito de retornar e que estrangeiros nas colônias não têm lugar em nossas terras", disse o chefe do governo palestino.
Embora a colonização de Israel na Cisjordânia ocupada tenha sido realizada sob todos os governos israelenses desde 1967, o processo se acelerou nos últimos anos, impulsionado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seu aliado em Washington, o presidente Trump. Hoje, mais de 600.000 israelenses vivem em colônias na Cisjordânia e Jerusalém Oriental, a parte oriental da Cidade Santa que os palestinos consideram a capital do Estado a que aspiram.
A ONU já reiterou que as colônias israelenses em territórios palestinos violam o direito internacional, observando que o fato de os Estados Unidos terem decidido considerá-las legais não tem qualquer impacto. "Uma mudança na posição política de um Estado não modifica o direito internacional existente, nem sua interpretação pelo Tribunal Internacional de Justiça e pelo Conselho de Segurança", disse o porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Rupert Colville.
O escritório de direitos humanos "continuará a seguir a posição de longa data das Nações Unidas de que os assentamentos israelenses violam o direito internacional", disse Colville aos repórteres na sema passada.
A decisão coloca Washington em desacordo com praticamente todos os países e com as resoluções do Conselho de Segurança da ONU, que declaram que os assentamentos são ilegais à medida que são construídos em terras ocupadas.
AFP