Dinamarca lembra primeiro aniversário dos atentados de Copenhague

Dinamarca lembra primeiro aniversário dos atentados de Copenhague

Palestino de 22 anos atacou centro cultural onde ocorria debate sobre liberdade de expressão

AFP

Primeiro-ministro colocou coroa de flores em frente a centro cultural

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A Dinamarca lembrou neste domingo, sob estritas medidas de segurança, o primeiro aniversário dos atentados de Copenhague perpetrados por um jovem dinamarquês radicalizado que matou um cineasta e um homem de origem judaica antes de ser abatido pela polícia.

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O primeiro-ministro, Lars Lökke Rasmussen, colocou de manhã uma coroa de flores em frente ao centro cultural e à sinagoga, alvos dos ataques. "Os dinamarqueses querem viver em paz. É a mensagem mais importante que podemos dar hoje. Não vamos ceder, não vamos renunciar", disse o primeiro-ministro à imprensa reunida em frente ao centro cultural. "Sempre houve ameaças sérias contra a Dinamarca. Isso mudou. Mas do nosso lado temos agido, temos reforçado nossos serviços de inteligência e nossa polícia", garantiu.

O chefe do governo vai participar de um evento organizado pela associação Finn Nörgaard, que leva o nome do cineasta que morreu em um dos atentados. Esta associação dá apoio a jovens imigrantes.  "Queremos trabalhar para que este ato injustificável que nos tirou Finn não volte a acontecer", disse o fundador da associação, Jesper Lynghus. "Copenhage é agora uma cidade diferente do que era há um ano", conta.

Uma vigília será organizada durante a noite, entre os dois locais atacados, ligados por uma corrente que vai acender 1,8 mil velas. Tudo isso com uma presença policial significativa Em 14 de fevereiro de 2015, Omar El-Hussein, um dinamarquês de origem palestina de 22 anos, atacou com uma arma automática um centro cultural onde ocorria um debate sobre a liberdade de expressão.

Nesta conferência participava o cartunista sueco Larsk Vilks, alvo dos islamitas desde que em 2007 desenhou o profeta Maomé com o corpo de um cão. No ataque morreu o cineasta dinamarquês Finn Nörgaard, de 55 anos, e três policiais ficaram feridos. O agressor, que conseguiu fugir, matou neste mesmo dia à noite Dan Uzan, um judeu de 37 anos,
em frente a uma sinagoga.

Um lugar no paraíso

O jovem foi abatido algumas horas depois num tiroteio com a polícia. Ele havia saído da prisão há pouco tempo, onde cumpriu pena por crime com arma branca.  A investigação tem avançado neste último ano. Agora já se sabe, por exemplo, que Omar El-Hussein jurou lealdade, no Facebook, ao grupo extremista Estado Islâmico (EI).

Pouco antes de sua morte, escreveu uma mensagem a seus "irmãos", comemorando o fato de já ter lugar garantido no "paraíso".  Uma rádio afirmou que o agressor levava um exemplar do Corão no bolso quando foi atingido. Mas a polícia nunca comentou publicamente as motivações do ataque. "Isso pode ser explicado pelo fato de que eles não querem associar o Islã ao terrorismo", disse Hans Jørgen Bonnichsen, um ex-alto funcionário dos serviços de segurança, citado pela agência Ritzau.

Durante o ano passado, o tom do debate sobre a integração dos muçulmanos na Dinamarca reforçou consideravelmente, e foi misturado com a política de imigração. Dinamarca registrou 21 mil  pedidos de asilo em 2015, tornando-se - em proporção à população - um dos países europeus com o maior número de refugiados, ao lado de Alemanha, Suécia, Áustria e Finlândia. Mas o pequeno reino, ex-campeão dos direitos dos refugiados, mudou neste aspecto, sob a influência do Partido do Povo Dinamarquês, anti-imigração.


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