Diversas armas de fabricação caseira são encontradas em apartamento de homem que atirou contra Abe

Diversas armas de fabricação caseira são encontradas em apartamento de homem que atirou contra Abe

Ex-primeiro-ministro do Japão morreu depois de ser alvo de tiros disparados por Tetsuya Yamagami

Correio do Povo e AFP

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Horas depois da morte do ex-primeiro-ministro do Japão Shinzo Abe, a polícia local fez os primeiros movimentos de investigação do caso. De acordo com a rede de notícias norte-americana CNN, 90 investigadores foram designados para trabalhar na apuração do crime. O apartamento de Tetsuya Yamagami, de 41 anos, atirador confesso, foi revistado nesta sexta e no local foram encontradas diversas armas de fabricação caseira, semelhante àquela usada no ataque. 

Em depoimento à polícia, Yamagami contou que usou o armamento que ele mesmo fez. "Determinamos que (a arma) é claramente feita à mão, embora nossa análise esteja em andamento", disse à imprensa um policial da região de Nara, onde ocorreu o assassinato.

A motivação de Yamagami ainda é desconhecida das autoridades. O perfil do atirador, no entanto, já é de conhecimento dos investigadores. De acordo com autoridades japonesas, Yamagami é um veterano das Forças de Autodefesa Marítima do Japão, que serviu por três anos nos anos 2000. Ele é residente na cidade de Nara. 

Ataque durante evento de campanha 

Shinzo Abe, que tinha 67 anos, foi atingido por tiros enquanto participava de um evento de campanha relacionado às eleições para a Câmara Legislativa, agendadas para este domingo. Logo depois de ser atingido por pelo menos dois disparos, Abe foi encaminhado para a emergência do Hospital Universidade de Medicina de Nara. Ele entrou em parada cardiorrespiratória e logo em seguida morreu. Um dos responsáveis pelo atendimento chegou a relatar que um dos tiros atingiu o coração do ex-primeiro-ministro. 

Uma das testemunhas do crime, uma jovem que não foi identificada, relatou à rede de notícias japonesa NHK como foi o ataque. "Ele estava fazendo um discurso e um homem veio por trás", disse ela. "O primeiro tiro parecia de um brinquedo. Ele não caiu, mas depois houve um estrondo alto. O segundo tiro era mais visível, você podia ver o estrondo e a fumaça", acrescentou.

Prisão

 Yamagami, que estava bem próximo de Abe, foi detido por seguranças do evento logo depois dos tiros. Ele não chegou a oferecer resistência e foi encaminhado para a delegacia mais próxima. 

Trajetória 

Shinzo Abe foi o dirigente mais longevo do país e cumpriu dois mandatos - de 2006 a 2007 e de 2012 a 2020. Ele renunciou ao cargo em agosto de 2020, após apresentar problemas de saúde. Enquanto esteve no poder, ganhou notoriedade pela ascensão econômica aplicada no país.

Seu sucessor, Yoshihide Suga, 64, foi indicado pelo PLD. Depois de um ano no cargo, renunciou, em uma saída precipitada pela má gestão da pandemia. O atual líder do Japão, Kishida, foi escolhido para liderar o país com o apoio tácito de Abe.

O ex-primeiro-ministro foi preparado para seguir os passos de seu avô, o ex primeiro-ministro Nobusuke Kishi. Sua retórica política muitas vezes focada em tornar o Japão uma nação "normal" e "bonita" com uma militarização mais forte e maior papel nos assuntos internacionais.

Saída dolorosa 

Ele disse aos repórteres na época que foi "doloroso" deixar muitos dos seus objetivos inacabados. Ele falou de seu fracasso em resolver a questão do japonês sequestrado anos atrás pela Coreia do Norte, em uma disputa territorial com a Rússia e uma revisão da Constituição de renúncia à guerra do Japão.

Seu ultranacionalismo irritou as Coreias e a China, e seu esforço para normalizar a postura de defesa do Japão irritou muitos japoneses. Abe não conseguiu reescrever formalmente a constituição pacifista redigida pelos EUA devido ao fraco apoio público.

A primeira passagem de Abe, repleta de escândalos, como primeiro-ministro foi o começo de seis anos de mudança anual de liderança, lembrada como uma era de "porta" política que carecia de estabilidade e políticas de longo prazo.

Quando voltou ao cargo em 2012, Abe prometeu revitalizar a nação e obter sua economia fora de sua estagnação deflacionária com sua fórmula "Abenomics", que combina estímulo fiscal, flexibilização monetária e reformas estruturais.

Ele ganhou seis eleições nacionais e construiu um sólido controle do poder, reforçando o papel e a capacidade de defesa do Japão e sua aliança de segurança com os EUA. Abe também intensificou a educação patriótica nas escolas e elevou o perfil internacional.


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