Documentos do WikiLeaks mostrariam capacidade de CIA hackear todo tipo de eletrônico

Documentos do WikiLeaks mostrariam capacidade de CIA hackear todo tipo de eletrônico

Conteúdo mostra métodos para espionar através de celulares, TVs e até controlar veículos

AFP

Conteúdo mostra métodos para espionar através de celulares, TVs e até controlar veículos

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A CIA pode transformar sua TV em um dispositivo de escuta, contornar aplicativos populares de criptografia e, possivelmente, controlar seu carro, de acordo com documentos publicados pelo WikiLeaks nesta terça-feira.
O grupo divulgou cerca de 9 mil documentos, supostamente da agência de inteligência dos Estados Unidos, qualificando a ação como a maior publicação de materiais de inteligência secreta da história.

O WikiLeaks afirmou que um vasto acervo da CIA, ferramentas de hacking e códigos que representavam "a maioria do seu arsenal de hacking" vazaram dentro da comunidade de segurança cibernética, e que havia recebido e publicado parte deles. "Essa coleção extraordinária, que equivale a centenas de milhões de linhas de códigos, dá ao seu possuidor toda a capacidade de hacking da agência", informou comunicado.

Segundo o WikiLeaks, os documentos mostram que a Agência Central de Inteligência americana (CIA) rivaliza com a Agência de Segurança Nacional (NSA), o principal órgão de espionagem eletrônica do governo americano, na guerra cibernética, mas com menos vigilância. O arquivo mostra a exploração pela CIA das fraquezas que descobre em sistemas de hardware e software, incluindo aqueles criados por empresas americanas - sem deixar ninguém saber sobre as falhas em questão.

O WikiLeaks disse que os documentos mostram que a CIA produziu mais de mil sistemas de malware, programas maliciosos que podem se infiltrar e assumir o controle de aparelhos eletrônicos. Estas ferramentas de hacking tiveram como alvo iPhones, sistemas Android, softwares populares da Microsoft e smart TVs da Samsung, que podem ser transformadas em microfones encobertos, de acordo com o WikiLeaks.

A agência também examinou o hacking nos sistemas de controle eletrônico de carros e caminhões, potencialmente tornando-se capaz de controlá-los remotamente. Ao infectar e efetivamente assumir o comando do software de smartphones, a CIA pode contornar as tecnologias de criptografia de aplicativos populares como WhatsApp, Signal, Telegram, Weibo e Confide, coletando comunicações antes delas serem criptografadas, afirmou o WikiLeaks.  Nem a CIA nem a Casa Branca disseram se os documentos são autênticos. "Nós não comentamos sobre a autenticidade ou o conteúdo de supostos documentos de inteligência", enfatizou o porta-voz da CIA, Jonathan Liu.

O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, se recusou a comentar, dizendo que "isso é algo que não foi totalmente avaliado". Mas Devin Nunes, presidente do Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados, disse que as revelações "parecem ser muito, muito sérias". "Estamos muito preocupados".

Os documentos supostamente vieram do Centro de Inteligência Cibernética da CIA, que opera tanto em sua sede em Langley, na Virgínia, como em um escritório no consulado americano em Frankfurt, na Alemanha, de acordo com o WikiLeaks. "O arquivo parece ter circulado entre antigos hackers e contratados do governo dos Estados Unidos de maneira não autorizada, um dos quais forneceu ao WikiLeaks partes do arquivo", disse a organização.

Edward Snowden, que era analista da NSA antes de vazar, em 2013, documentos secretos da agência, disse no Twitter que os novos arquivos "parecem autênticos". O WikiLeaks disse que o vazamento dos documentos sugere que a CIA não controlou suficientemente suas próprias armas cibernéticas, potencialmente permitindo que caíssem nas mãos de outros hackers.

"Muitas das vulnerabilidades usadas no arsenal cibernético da CIA estão disseminadas e algumas podem já ter sido encontradas por agências de inteligência rivais ou criminosos cibernéticos", apontou o WikiLeaks.  Em uma declaração, o fundador e editor-chefe do WikiLeaks, Julian Assange, disse que os documentos mostram o "risco extremo" da disseminação descontrolada de armas cibernéticas.

Cindy Cohn, diretora-executiva da Fundação Fronteira Eletrônica, criticou a CIA por não ajudar as empresas a preencher as lacunas de segurança em seus dispositivos. "O lado negro desta história é que os documentos confirmam que a CIA mantém as vulnerabilidades de segurança em softwares e dispositivos - incluindo telefones Android, iPhones e televisores Samsung - que milhões de pessoas em todo o mundo confiam", disse em um comunicado.

"Como esses vazamentos mostram, estamos todos menos seguros pela decisão da CIA de manter - em vez de garantir a reparação de - vulnerabilidades", acrescentou. A publicação mostra a disposição do WikiLeaks de continuar revelando materiais secretos nos Estados Unidos, apesar de ter sido severamente criticado em Washington pelos vazamentos, no ano passado, de materiais que prejudicaram a democrata Hillary Clinton na disputa presidencial.

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