Dois novos barcos com migrantes chegam a Lampedusa

Dois novos barcos com migrantes chegam a Lampedusa

Atividade de resgate aumenta tensões entre governo italiano e ONGs

AFP

Atividade agrava tensão iniciada com polêmica sobre Sea Watch

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A chegada à costa da ilha de Lampedusa de dois novos barcos transportando migrantes pode abrir um novo conflito entre as ONGs que salvam vidas no Mediterrâneo e o ministro italiano do Interior, Matteo Salvini, de extrema direita, que lhes nega acesso aos portos. O coletivo de esquerda Mediterranea transporta em seu barco fretado Alex 41 migrantes, enquanto o Alan Kurdi, da ONG alemã Sea-Eye, transporta 65 migrantes resgatados no litoral da Líbia.

Ao anunciar sua intenção de desembarcar os migrantes na ilha siciliana de Lampedusa, o confronto entre as ONGs e Salvini corre o risco de se agravar. O ministro italiano anunciou no mês passado um decreto segundo o qual podem ser multados com até 50 mil euros o capitão, o operador ou o proprietário de um barco que "entre em águas territoriais italianas sem autorização". "Estamos aguardando em águas internacionais, na costa da ilha de Lampedusa", tuitou a Sea-Eye de dentro do navio Alan Kurdi. "A alfândega veio nos entregar o decreto de Salvini: o porto está fechado."

Solução europeia?

O ministro alemão do Interior, Horst Seehofer, tuitou que seu país está disposto a acolher alguns dos migrantes resgatados, "como parte da solução europeia baseada na solidariedade". A Sea-Eye indicou em comunicado que os 64 homens e a mulher a bordo do Alan Kurdi foram resgatados de um bote inflável em que os migrantes careciam de água potável, telefones e instrumentos de navegação.

Já Malta aceitou receber os migrantes a bordo do Alex em troca da transferência de um número equivalente para a Itália. A organização mediterrânea recebeu favoravelmente a ideia de desembarcar os migrantes em Malta, mas advertiu que seu barco, um veleiro de 18 metros, não tem condições de percorrer as 100 milhas náuticas que o separam de La Valeta. Alessandra Sciurba, do Mediterranea, disse que a Itália aceitou famílias e gestantes, mas que "permanecem a bordo menores desacompanhados, incluindo uma criança de 11 anos".

A popularidade de Salvini

A organização Mediterranea reúne militantes de extrema esquerda, dos quais se declara abertamente inimigo Salvini, cuja popularidade disparou na Itália graças à sua posição dura contra os barcos de ONGs que socorrem migrantes. Uma pesquisa publicada hoje pelo jornal italiano "Corriere della Sera" revela que 59% dos italianos aprovam a decisão de Salvini de fechar os portos a embarcações de ONGs.


Na semana passada, quando estava no comando do Sea-Watch, a capitã alemã Carola Rackete foi detida após atracar sem autorização em Lampedusa para desembarcar 40 migrantes resgatados no mar que estavam bloqueados a bordo há mais de duas semanas. Uma juíza italiana invalidou a prisão de Carola, decisão que gerou duras críticas de Salvini.


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