Duas pessoas resgatadas com vida cinco dias após terremoto

Duas pessoas resgatadas com vida cinco dias após terremoto

Mulher e adolescente de 15 anos sobreviveram entre escombros no Nepal

AFP

Uma mulher e um adolescente de 15 anos sobreviveram entre os escombros

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As equipes de socorro resgataram com vida nesta quinta-feira um adolescente de 15 anos e uma mulher dos escombros de Katmandu, cinco dias após um terremoto atingir o Nepal, deixando mais de 5,8 mil mortos. Um total de 5.884 mortos foram contabilizados até o momento e mais de 11 mil feridos, segundo o balanço provisório publicado nesta quinta-feira.

O resgate de Pemba Tamang, que sobreviveu bebendo manteiga clarificada, foi recebido em meio a aplausos pela multidão reunida diante dos escombros do hostal Hilton Guesthouse, onde o jovem trabalhava e ficou soterrado. "Não acreditava que fosse sair vivo", disse. Poucas horas depois, os socorristas retiraram uma segunda sobrevivente que estava presa entre as ruínas de um edifício na capital nepalesa, após 10 horas de resgate.

Os dois salvamentos significaram um raio de esperança no sombrio panorama no Nepal, onde os socorristas ainda não conseguiram chegar a diversas regiões afetadas pelo terremoto do último sábado. A partir do hospital de campanha onde se encontra em observação, o jovem de 15 anos contou que estava tomando café da manhã perto da recepção da casa de hóspedes quando o chão começou a tremer. "Tentei correr, mas algo bateu na minha cabeça e perdi a consciência por não sei quanto tempo", afirmou.

"Quando acordei, estava preso entre os escombros e tudo estava preto. Ouvi outras vozes pedindo ajuda ao meu redor e me senti impotente", explicou. Uma porta-voz da organização israelense de salvamento estava chocada: "Passou 120 horas sob os escombros. Nunca havíamos ouvido falar de alguém que tivesse sobrevivido tanto tempo", disse Libby Weiss, considerando-o um milagre. A mulher, por sua vez, foi localizada graças a um sistema de escuta das equipes de salvamento francesas, que detectaram uma respiração sob os escombros. Estava ileso.

Os dois casos encorajaram os socorristas a continuar trabalhando para resgatar sobreviventes, apesar das condições extremas e dos tremores secundários.  Embora grande parte da população da capital do Nepal esteja vivendo em alerta, nesta quinta-feira começaram a ser observados os primeiros sinais de um retorno à normalidade, com a abertura de algumas lojas e o reaparecimento dos vendedores de frutas e verduras ambulantes na praça Durbar em ruínas.

Três meses de medidas de urgênciaSegundo a ONU, 70 mil casas ficaram destruídas e 530 mil sofreram danos em 39 dos 75 distritos do Nepal afetados pelo terremoto de magnitude 7,8 que atingiu o país no sábado passado. No total, segundo as Nações Unidas, oito dos vinte e oito milhões de habitantes do país foram afetados de uma forma ou de outra pela catástrofe.

As Nações Unidas lançaram um apelo para reunir 415 milhões de dólares para ajudar as vítimas do terremoto, que precisam de mantimentos, medicamentos e água. As autoridades nepalesas admitiram estar sobrecarregadas pela magnitude da catástrofe provocada pelo terremoto mais mortífero dos últimos 80 anos. "A catástrofe é tão grande e sem precedentes que não tivemos capacidade de responder às expectativas da população", reconheceu o ministro das Comunicações, Minendra Rijal.

Por sua vez, o coordenador da ONU no Nepal, Jamie McGoldrick, afirmou que serão necessários três meses para responder às medidas de urgência antes do início das tarefas de reconstrução. A ONU fornecerá rapidamente barracas para as 500 mil pessoas que ficaram sem casas, assim como água e equipamentos de saúde para 4,2 milhões de pessoas. Até o momento, as operações de resgate ainda não foram muito além de Katmandu, segundo a ONU. "Fazemos o possível para chegar ao maior número de lugares possível", declarou o porta-voz do exército, Jagdish Pokharel.

Enquanto isso, o governo anunciou que os montanhistas poderão voltar ao Everest nos próximos dias, após a avalanche provocada pelo tremor que matou 18 pessoas. A subida ao pico mais alto do mundo constitui uma importante fonte de renda para o Nepal. Na manhã desta quinta-feira, um avião voltou a Paris com 206 sobreviventes a bordo e outro com outros 110 - 17 estrangeiros - chegou à noite à capital francesa.

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