EI reivindica atentado que matou mais de 60 pessoas em Bagdá

EI reivindica atentado que matou mais de 60 pessoas em Bagdá

Ataque com carro-bomba é o mais violento desde o início do ano na cidade

AFP

EI reivindica atentado que matou mais de 60 pessoas em Bagdá

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Ao menos 64 pessoas morreram nesta quarta-feira em um ataque com carro-bomba reivindicado pelo grupo Estado Islâmico
(EI) perto de mercado do grande bairro xiita de Sadr City, em Bagdá. O ataque é o mais violento desde o início do ano em Bagdá, onde o EI ataca frequentemente lugares públicos de bairros predominantemente xiitas.

O número de vítimas pode aumentar, uma vez que a explosão do carro-bomba também feriu 82 pessoas, de acordo com um balanço revisado divulgadopor fontes médicas e das forças de segurança. A explosão ocorreu em um horário de rush, às 10h, perto de um mercado do grande bairro xiita de Sadr City, ao Norte da capital. O fogo se espalhou rapidamente para as lojas, cujas fachadas foram destruídas.

"Um caminhão tentou entrar no mercado, mas a polícia proibiu a aproximação e pediu ao motorista para recuar. Mas o caminhão encontrou uma outra entrada e explodiu. As pessoas e vendedores daqui são civis inocentes", relatou uma testemunha, Abu Ali. Horas mais tarde, o EI anunciou, em um comunicado publicado na internet, que um suicida, identificado como Abu Suleiman al-Ansari, havia detonado o veículo.

No local do ataque, dezenas de iraquianos expressavam sua raiva e frustração, denunciando a inação do governo e dos políticos contra o grupo ultrarradical sunita. "Os políticos são responsáveis pela explosão e as pessoas são vítimas de suas brigas. Os políticos dizem que o exército e a polícia não estão fazendo seu trabalho bem o suficiente, mas na verdade eles são os líderes", criticou Abu Ali.

Crise política

O ataque acontece num momento em que o Iraque é abalado por uma grave crise política. Vários partidos se opõem aos planos do primeiro-ministro de estabelecer um governo de tecnocratas por medo de perder alguns dos seus privilégios. Esta crise é seguida com preocupação pelos Estados Unidos, que temem um "desvio" das atenções das autoridades da luta contra o EI.

Washington aumentou recentemente o seu apoio militar a Bagdá, para ajudar o exército iraquiano a reconquistar os vastos territórios que caíram nas mãos dos jihadistas desde 2014. O EI perdeu terreno ao abandonar várias cidades, incluindo Ramadi e Tikrit, cujo controle foi recuperado pelas forças iraquianas apoiadas por ataques aéreos da coalizão internacional sob comando dos Estados Unidos.  Mas os jihadistas conservam importantes redutos, incluindo Mossul, a segunda maior cidade do país, e ainda têm a capacidade de atacar Bagdá e outras áreas predominantemente xiitas.

O último ataque reivindicado pelo EI foi nessa segunda-feira, quando um carro-bomba explodiu na cidade de Baquba (Norte de Bagdá), matando pelo menos 10 pessoas. Irritados com a situação política, milhares de iraquianos - partidários do clérigo xiita Moqtada Sadr - organizaram nas últimas semanas protestos contra o governo.

Uma manifestação culminou com a invasão da Zona Verde de Bagdá e a ocupação do Parlamento durante várias horas. Há anos, posições-chave do governo estão divididas com base em quotas políticas e sectárias e Moqtada Sadr, assim como o primeiro-ministro Haider al-Abadi, quer um novo governo composto por tecnocratas, capaz de realizar de forma mais eficaz as reformas cruciais para a luta contra a corrupção.



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