Elizabeth II diz querer que bebê real "chegue logo"

Elizabeth II diz querer que bebê real "chegue logo"

Rainha está ansiosa pelo nascimento do bisneto e diz que sai de férias em breve

AFP

Relógios mostram o horário para cronometrar o nacimento do bebê real

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A rainha Elizabeth II, que não costuma fazer confidências, mostrou ansiedade e certa impaciência com o nascimento do bebê do neto, príncipe William e da duquesa Kate Middleton, diante da aproximação de suas férias. "Eu realmente gostaria que ele chegasse logo. Estou saindo de férias em breve. Mas nada em vista", declarou a soberana nesta quarta-feira em resposta a uma pergunta de um estudante de dez anos.

O menino estava no meio de uma multidão agitando bandeiras para saudar a visita real ao parque nacional de Lake District, no nordeste da Inglaterra. Ele perguntou à rainha, duas vezes bisavó aos 87 anos, sua preferência entre um menino e uma menina. "Eu não acho que isso importa", respondeu.

Príncipe ou princesa, o primeiro filho do duque e da duquesa de Cambridge será o terceiro na ordem de sucessão ao trono. Atrás do príncipe Charles, de 64 anos, e do príncipe William, de 31 anos.

A rainha passará, como de costume, o início de suas férias de verão com uma visita ao seu Castelo escocês de Balmoral. Antes disso, cumprirá dois compromissos oficiais, o último na próxima terça-feira. Os demais representantes da família de Windsor preencheram esta semana com "compromissos cotidianos", enquanto a imprensa mundial se estapeia em busca de novidades sobre o bebê real.

Começando com os repórteres que cercam o Hospital de St Mary em Londres, onde Kate Middleton deve dar à luz "em meados de julho”. Desde quarta-feira, às 8h, The Sun - o tabloide britânico mais lido - posta em seu site as entradas e saídas do estabelecimento elegante (que custa ao menos 5.740 EUR por noite).

No último fim de semana, o príncipe William e seu irmão Harry jogaram polo em uma partida beneficente. Charles e a esposa Camilla, que comemora hoje seu 66º aniversário, realizaram seu giro anual pelos condados de Devon e Cornwall.

Na expectativa da chegada do bebê real, uma entrevista com Margaret Rhodes, de 88 anos, à CNN surpreendeu. Confidente da rainha há décadas, a octogenária sussurrou: "Você sabe, todo mundo tem filhos. É muito bom, mas eu não estou muito animada”.

A jornalista da rede americana pareceu surpresa com esta aparente falta de entusiasmo. E, voltando ao assunto, a convidada foi condescendente: "Ok, ok, eu estou pronta para me deixar levar pelo entusiasmo".

Republicanos criticam histeria causada pelo “bebê real”

Uma pequena minoria de republicanos da Inglaterra, que pede o fim dos privilégios e o respeito à igualdade de direitos das crianças, lançou uma campanha denunciando a histeria da mídia e das pessoas diante do nascimento do "bebê real". O grupo Republic, com o slogan "Born Equal" (nascidos iguais), incentivou por meio de sua página na internet, a imprensa e o público a "refletirem sobre as importantes questões que um nascimento real traz, em relação à Grã-Bretanha e ao nosso sistema político".

"Todas as crianças não deveriam ter os mesmo direitos ao nascer? Este bebê real não deve ter os mesmos direitos que todos? Esta é uma forma inteligente para designar nosso futuro chefe de Estado?", questiona o grupo, que diz ter cerca de 20 mil participantes, vindos de todas as linhas políticas e que representariam, segundo eles, "entre 10 e 12 milhões de republicanos" no país.

De acordo com as pesquisas, os republicanos compõem, nos últimos dez anos, aproximadamente 15% da população. Para quem quer apoiar a campanha, o portal do Republic comercializa babadores, camisetas e broches com slogans revolucionários, em uma disputa bastante desigual contra a avalanche de objetos de decoração e souvenirs que são vendidos em função da chegada do "bebê real".

O grupo Republic quer ser a voz das "milhões de pessoas na Grã-Bretanha sufocadas pela cobertura exagerada, superficial e intrusiva do nascimento real". "Em frente à maternidade, se vê a histeria da mídia, mas duas ruas à frente nos damos conta de que as pessoas não se importam", explica Graham Smith, um dos líderes dos republicanos. "Nossa campanha se inclui em um movimento mais amplo, que questiona o lugar dos valores democráticos neste país. Há dois ou três anos, aproveitamos todos os acontecimentos reais para divulgar nossa posição", acrescenta Smith.

Monarquia popular

Porém, com uma monarquia cuja popularidade está em no auge e com um evento de sorte como o nascimento de uma criança, parece difícil fazer com que a maioria dos britânicos se volte para os valores republicanos. "Não há muito espaço nos meios de comunicação para que as pessoas que tenham ideias republicanas possam se fazer ouvir", reconhece o cientista político Tony Travers, da London School of Economics (LSE). "A monarquia é popular e faz vender jornais", destaca.

O Guardian e o Independent, que são os jornais que mais podem defender os valores republicanos, se encontram politicamente mais ao lado do partido dos trabalhadores ou dos liberal-democratas do que do lado dos conservadores.

Além disso, a alternativa ao regime não é clara, observa Tony Travers. "A Austrália quis, no passado, se livrar da monarquia, mas não conseguiu encontrar alternativas", recorda. Graham Smith disse que gostaria que sua voz tivesse mais alcance, mas reconhece que é muito difícil lutar agora contra essa histeria em torno do nascimento do bebê real.

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