Embaixador mexicano chama invasão da polícia equatoriana de “inacreditável”

Embaixador mexicano chama invasão da polícia equatoriana de “inacreditável”

Polícia entrou na embaixada do México em Quito e prendeu o ex-vice-presidente Jorge Glas

AFP

Polícia entrou na embaixada do México em Quito

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A polícia equatoriana invadiu na noite de sexta-feira (5) a embaixada do México em Quito e prendeu o ex-vice-presidente Jorge Glas, que estava refugiado no local desde dezembro. Ação que levou ao rompimento das relações diplomáticas entre os dois países.

É uma "violação flagrante do direito internacional e da soberania do México. Instruí nosso chanceler a proceder de forma legal e declarar imediatamente a suspensão das relações diplomáticas com o governo do Equador", escreveu o presidente Andrés Manuel López Obrador na rede social X.

O embaixador mexicano em Quito, Roberto Canseco, classificou a ação da polícia equatoriana de "inacreditável"

O Equador defendeu a medida alegando que houve um "abuso das imunidades e privilégios" concedidos à missão diplomática, segundo comunicado da Secretaria de Comunicação da presidência (Segcom).

Em imagens divulgadas pela imprensa local, é possível ver homens uniformizados entrando na embaixada para prender Glas, a quem o México concedeu asilo na sexta-feira.

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"Lesões"

Em meio a protestos do chefe da missão diplomática, Roberto Canseco, agentes impediram que ele se aproximasse de um dos carros que levaria Glas. "É um ultraje, é contra a norma, não pode ser", disse o diplomata após cair no chão em uma disputa com as forças de segurança.

A ministra das Relações Exteriores do México, Alicia Bárcena, denunciou na rede social X as "lesões sofridas por seus funcionários" durante a operação policial, razão pela qual "o México anuncia o rompimento imediato das relações diplomáticas com o Equador". E alertou que seu país recorrerá à Corte Internacional de Justiça para denunciar o país sul-americano.

Em declarações à Milenio TV, Bárcena declarou ainda que "é claramente perceptível a agressão física que sofreu o nosso chefe da embaixada", que já está "bem", assim como os outros funcionários.

Preso por corrupção, Glas foi transferido para uma unidade do Ministério Público em Quito. Encontra-se em cumprimento de ordem de prisão no âmbito de uma investigação por suposto crime de apropriação ou uso ilegal de bens do Estado.

A decisão de concessão de asilo prejudicou as relações bilaterais e na quinta-feira Quito já havia decidido expulsar a embaixadora mexicana Raquel Serur, após as declarações de López Obrador sobre a violência política no Equador.

Segundo a Segcom, "toda embaixada tem um único propósito: servir de espaço diplomático com o objetivo de estreitar as relações entre os países". Acrescentou ainda que "nenhum criminoso pode ser considerado perseguido politicamente.

Jorge Glas foi condenado com pena executória e teve mandado de prisão expedido pelas autoridades competentes". O ex-presidente Rafael Correa (2007-2017), foragido e condenado a oito anos de prisão por corrupção, escreveu no X que "nem mesmo nas piores ditaduras a embaixada de um país foi violada", responsabilizando o presidente do Equador, Daniel Noboa, "pela segurança e integridade física e psicológica do ex-vice-presidente Jorge Glas".

"Evasão da Justiça"

Canseco considerou que "não há fundamento" para a operação policial e reforçou que Glas "é uma pessoa perseguida como pudemos constatar hoje". O Ministério das Relações Exteriores do Equador afirma que o ex-vice-presidente enfrenta um julgamento por corrupção e que a concessão de asilo a ele "apoia uma evasão da Justiça do Estado equatoriano e promove a impunidade".

Jorge Glas, que foi vice-presidente de Correa entre 2013 e 2017, enfrenta um mandado de prisão por supostamente desviar fundos destinados a trabalhos de reconstrução após um terremoto em 2016.

Em outro processo, foi condenado em dezembro de 2017, quando havia sido reeleito, a seis anos de prisão por um escândalo de propinas da Odebrecht. Em 2022, obteve a liberdade condicional a partir de um recurso de habeas corpus. Antes da prisão, o Equador descreveu o asilo concedido pelo México como "ilegal" e insistiu que não concederá passagem segura para Glas ir ao México.

Nos últimos anos, autoridades mexicanas concederam asilo ou refúgio a correístas como o ex-chanceler Ricardo Patiño e os deputados Soledad Buendía, Carlos Viteri e Gabriela Rivadeneira.


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