Entenda o que é a Intifada palestina, "a revolta das pedras"

Entenda o que é a Intifada palestina, "a revolta das pedras"

Movimento popular foi convocado por grupo Hamas

AFP

Entenda o que é a Intifada palestina, "a revolta das pedras"

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Há 30 anos, em 9 de dezembro de 1987, começava a primeira Intifada, o levante popular palestino, que inflamou durante seis anos os territórios palestinos ocupados antes do reconhecimento mútuo entre Israel e a Organização de Libertação da Palestina (OLP). Os apelos a uma nova Intifada foram lançados após o reconhecimento pelo presidente americano Donald Trump de Jerusalém como a capital de Israel.

Acidente inflama tensões 

Em 8 de dezembro de 1987, um caminhão conduzido por um israelense atingiu dois veículos cheios de trabalhadores palestinos perto do campo de refugiados de Jabaliya, na Faixa de Gaza. Quatro palestinos morreram e muitos ficaram feridos. No dia seguinte, durante os funerais das vítimas do acidente, violentos confrontos eclodiram entre o exército israelenses e manifestantes palestinos. Os oito campos de refugiados na Faixa de Gaza entram em ebulição. Este é o início da Intifada, a "guerra das pedras", que se espalhou como fogo em um palheiro em todos os territórios ocupados.

"Punho de ferro"

Políticos israelenses haviam alertado para os riscos. Em novembro de 1986, o ex-ministro das Relações Exteriores Abba Eban advertiu sobre a situação dos palestinos, "submetidos a restrições e punições". Os habitantes dos territórios palestinos, sob controle israelense há vinte anos, eram efetivamente submetidos desde agosto de 1985 à política do "punho de ferro" estabelecida pelo ministro da Defesa Yitzhak Rabin para tentar pôr fim a todas as manifestações de resistência.

Surpresos pela escala do levante, Rabin ordenou primeiro que "quebrassem os ossos" dos manifestantes palestinos, antes de admitir que não havia solução militar para o levante. Os soldados de Israel, mal preparados para tarefas de aplicação da lei, respondem às pedras e garrafas incendiárias lançadas pelos manifestantes com munição real.  Pela primeira vez em quarenta anos de conflito árabe-israelense, o povo palestino da Cisjordânia e de Gaza - um milhão e meio de habitantes - entra em guerra contra Israel.

As ruas servem de campo de batalha aos milhares de "shabab" - jovens com entre 10 e 25 anos - que combatem com pedras. O governo israelense é rápido em acusar a Síria, o Irã e a OLP de estarem por trás da agitação. Mas a Intifada é um movimento popular que expressa a frustração dos palestinos após 21 anos de ocupação. E a revolta surpreende até mesmo a liderança da OLP, com sede em Túnis.

Mais de 1.200 mortos palestinos

Em 13 de setembro de 1993, Israel e a OLP assinam em Washington os acordos de Oslo sobre o governo autônomo palestino, selado por um aperto de mão entre o chefe da central palestina Yasser Arafat e o primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin. No dia 24, os ativistas da OLP são ordenados pelo chefe da central palestina a cessar todas as operações militares contra o exército israelense.

Em seis anos, 1.258 palestinos foram mortos por soldados ou colonos israelenses, de acordo com um balanço estabelecido por fontes palestinas. A maioria das vítimas, quase um quarto dos quais tinham menos de dezesseis anos, morreram durante a dispersão de manifestações.

Cerca de 150 israelenses morreram, principalmente no final da Intifada, após um endurecimento do levante sob o ímpeto de organizações como o recém-criado Hamas e a Jihad Islâmica. "Entre 120.000 e 140.000 palestinos passaram por nossas prisões" durante a Intifada, indicou em 1994 Yitzhak Rabin, que foi assassinado um ano depois por um
extremista judeu que se opunha ao processo de paz.

Em 28 de setembro de 2000, uma visita controversa do líder de direita israelense Ariel Sharon à Esplanada das Mesquita em Jerusalém Oriental levou ao início da segunda Intifada. O exército israelense reocupou as principais cidades autônomas da Cisjordânia e lançou em 2002 uma grande ofensiva.

Em 2005, o exército israelense retirou seu último soldado da Faixa de Gaza como parte de um plano unilateral de desengajamento.




 


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