Espanha ignorou alerta sobre risco de atentado em Las Ramblas
País teria recebido informação de possíveis ataque a pontos turísticos
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O secretário de Interior regional, Joaquim Forn, e o chefe de Polícia da Catalunha, Josep Lluís Trapero, admitiram que receberam um alerta, mas negaram que a advertência tenha sido feita pelos Estados Unidos, como informou o jornal "El Periódico", da Catalunha. Segundo o veículo, que publica um fac-símile de uma mensagem em inglês, o Centro Nacional de Contraterrorismo (NCTC) americano, que reúne, entre outros, CIA e FBI, transmitiu a advertência ao Centro Nacional de Inteligência (CNI) espanhol e às Polícias nacional e catalã.
"Informações não confirmadas de veracidade desconhecida do fim de maio de 2017 indicavam que o Estado Islâmico do Iraque e ash-Sham (ISIS) estava planejando executar ataques terroristas não especificados durante o verão contra locais turísticos muito movimentados em Barcelona, Espanha, especificamente na avenida La Rambla", afirma o texto que o jornal atribui ao NCTC. O texto não é o original, e sim uma transcrição, reconheceu o editor do jornal, Enric Hernández, o que explicaria alguns problemas de ortografia em inglês. "O documento é uma montagem. O aviso de um possível atentado no verão em pontos como Las Ramblas chegou de outras fontes", disse Forn.
O chefe de Polícia da Catalunha confirmou ter recebido o aviso em 25 de maio, mas destacou que não procedia "nem da CIA, nem do NCTC". Ele não revelou a origem. Depois de analisar a informação e de colocar o governo espanhol a par, concluímos que "o aviso tinha pequena credibilidade", insistiu Forn. Além disso, afirmou o secretário, o alerta não teria relação com a célula extremista que executou o ataque, cujo plano inicial não contemplava atacar a avenida central, e sim colocar explosivos em monumentos simbólicos da Catalunha.
"Não há, de forma alguma, qualquer vínculo entre esta informação e os atentados do dia 17 de agosto", insistiu Forn.
Procurado pela AFP, um porta-voz do CNI se recusou "a confirmar, ou a desmentir, as comunicações com outros serviços de Inteligência". O Ministério espanhol do Interior não respondeu até o momento as perguntas da AFP.
A rádio Cadena SER citou "fontes da luta antiterrorista", segundo as quais o documento divulgado pelo "El Periódico" seria autêntico. Em 17 de agosto, um jovem marroquino residente na Espanha avançou em alta velocidade com uma van pela avenida de Las Ramblas. O atentado deixou 14 mortos e mais de 120 feridos. No total, ele e seus cúmplices de uma célula extremista provocaram 16 mortes em Barcelona e em Cambrils, uma cidade turística da Catalunha. Esses ataques foram reivindicados pelo grupo Estado Islâmico (EI).