Espanha inicia procedimento legal para exumar corpo de Francisco Franco
Militar está enterrado em um mausoléu de homenagem aos mortos de guerra das batalhas franquistas
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O governo se apoia em uma proposta aprovada no Parlamento em maio de 2017, quando o governo era comandado pelo conservador Partido Popular, e que determinava a exumação. Desde 23 de novembro de 1975, três dias depois de sua morte, o corpo do general Franco, vencedor da Guerra Civil (1936-1939), está no 'Valle de los Caídos". O local, um impressionante complexo a 50 km de Madri, tem uma basílica com uma cruz de 150 metros de altura. O militar que governou o país de 1939 a 1975 está enterrado no altar da basílica sob uma laje sempre coberta por flores frescas, assim como o fundador do partido fascista Falange, José Antonio Primo de Rivera.
No mesmo complexo foram sepultados quase 27 mil combatentes franquistas e 10 mil opositores republicanos, motivo pelo qual o ditador apresentou o "Valle" como um local de "reconciliação". Os críticos, no entanto, o consideram um insulto às vítimas da repressão franquista, porque os corpos dos republicanos, retirados de cemitérios e valas comuns, foram levados até o local sem o consentimento de suas famílias. Além disso, o conjunto monumental foi construído por quase 20 mil presos políticos, entre 1940 e 1959.
Pedro Sánchez defendeu a iniciativa poucos dias depois de chegar ao poder, alegando que um lugar como "Valle de los Caídos" seria inimaginável em países como Alemanha ou Itália. A solução lógica seria enviar os restos mortais para o túmulo que a família Franco tem no cemitério El Pardo, na região de Madri. Os socialistas afirmam que desejam transformar o "Valle de los Caídos" em um verdadeiro local de reconciliação e memória, sem apresentar detalhes sobre como pretendem modificar um conjunto monumental de forte caráter católico e idealizado pelo próprio Franco.
Mas em um país onde a memória sobre a guerra e a ditadura continua sendo um tema envenenado, todos os projetos esbarram na oposição da família do ditador, da Fundação Francisco Franco, que reivindica sua memória, e sobretudo com a do PP, que insiste na necessidade de não reabrir "antigas feridas". Os conservadores já informaram que pretendem recorrer ao Tribunal Constitucional contra a exumação, pois consideram abusivo o uso de um decreto-lei para um tema que não é urgente.