Esquerda no poder no México corre risco de ruptura antes das eleições

Esquerda no poder no México corre risco de ruptura antes das eleições

Nomeação de Claudia Sheinbaum como candidata pelo partido Morena foi contestada por Marcelo Ebrard, segundo lugar nas prévias, que alegou irregularidades em 14% dos 12.500 formulários de votação

AFP

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O governo de esquerda no México tentava evitar, nesta quinta-feira (7), uma ruptura após questionamentos sobre a nomeação de Claudia Sheinbaum como candidata às eleições presidenciais de 2024.

Sheinbaum, ex-prefeita da Cidade do México, foi nomeada na quarta-feira pelo partido Morena, do presidente Andrés Manuel López Obrador, ao vencer cinco consultas, e disputará a Presidência com a senadora opositora de origem indígena Xóchitl Gálvez.

Será a primeira vez que duas mulheres vão disputar a Presidência do México, um país com longa tradição machista e assolado por uma onda de feminicídios.

Apesar da diferença nas pesquisas, entre 10 e 15 pontos, o ex-chanceler Marcelo Ebrard, que ficou em segundo lugar, contestou na quarta-feira a legitimidade do processo e pediu uma nova votação, alegando irregularidades em 14% dos 12.500 formulários.

"Estamos sempre de mãos estendidas para que o companheiro Marcelo possa fazer parte deste projeto, e para toda a sua equipe de trabalho. As portas sempre estarão abertas", disse Sheinbaum em coletiva de imprensa, garantindo que enviou uma mensagem de texto para seu adversário pela manhã.

Mais cedo, em sua habitual coletiva de imprensa, o próprio López Obrador expressou confiança de que seu ex-ministro das Relações Exteriores "decidirá apoiar" a continuidade do projeto político de "transformação".

"De maneira nenhuma vamos ajudar o bloco conservador corrupto", afirmou o presidente, cuja popularidade beira os 60% de aprovação.

 "Não temos espaço" 

No entanto, Ebrard disse à rádio RadioFórmula, nesta quinta-feira, que ele e seus seguidores não têm espaço no partido. "O Morena já decidiu, não levou em conta o que dissemos (...) No Morena, não temos espaço depois do que vimos ontem", afirmou.

Segundo o jornal espanhol El País, durante uma reunião com sua equipe após conhecer os resultados, Ebrard teria dito uma frase dura sobre Sheinbaum. "Não vamos nos submeter a essa senhora", teria dito o ex-chanceler, de acordo com o jornal.

Ebrard planeja se reunir com seus colaboradores na segunda-feira para definir os próximos passos, deixando em aberto a possibilidade de concorrer à Presidência em nome de outro partido. Ele descartou, em uma mensagem publicada na rede X, disputar o pleito como independente.

"Eu vou procurá-lo porque é minha obrigação como líder do partido (...) As portas estão abertas, a casa de Marcelo é o Morena", disse Mario Delgado, líder nacional desse movimento, na mesma coletiva de imprensa de Sheinbaum.

Na imprensa mexicana, especula-se que Ebrard poderia ser candidato pelo Movimento Cidadão, um partido de centro esquerda que conquistou espaço nas últimas eleições. Sheinbaum recebeu forte apoio de López Obrador nesta quinta-feira, a quem sempre foi atribuído o favoritismo pela cientista de 61 anos.

Depois de elogiar a escolha por Sheinbaum durante sua entrevista coletiva matinal, o presidente passou à candidata durante a noite de quinta-feira a liderança do Morena, entregando o "bastão de comando, que ele havia recebido das mãos dos indígenas quando, em 2018, se tornou o primeiro presidente de esquerda do México.

 

 

 

 

 

 

 


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