Estado Islâmico reivindica ataque em Nice

Estado Islâmico reivindica ataque em Nice

Comunicado surge em momento em que não há indícios de ligação entre autor e grupo extremista

AFP

EI reivindica ataque em Nice

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O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou neste sábado o ataque que fez 84 mortos na quinta-feira na cidade francesa de Nice, cometido por um franco-tunisiano. A reivindicação surge num momento em que não há indícios que relacionem o assassino ao Islã radical.

“O autor da operação realizada em Nice, na França, é um soldado do Estado Islâmico. Ele executou a operação em resposta aos apelos do Estado Islâmico para atacar os países da coalizão que combate o EI”, informou a agência Amaq, ligada ao grupo extremista.

Na quinta-feira à noite, ele semeou o terror ao lançar o caminhão que dirigia contra uma multidão que assistia à queima de fogos de artifício por ocasião do feriado da Queda da Bastilha na Promenade des Anglais. O homem matou 84 pessoas, incluindo dez crianças. Dois dias depois, 16 corpos seguem sem identificação em hospitais da região.

Mohamed Lahouaiej-Bouhlel, um franco-tunisiano de 31 anos e motorista de entregas, em vias de divórcio, era “totalmente desconhecido dos serviços de inteligência e não havia qualquer registro de radicalização”, segundo o procurador de Paris François Molins. Ele ressaltou, contudo, que este ataque correspondia “exatamente aos apelos permanentes dos jihadistas por assassinatos”.

Bouhlel era conhecido da justiça apenas por fatos “de ameaças, atos de violência, roubo e vandalismo cometidos entre 2010 e 2016”. De acordo com seu pai, ele sofreu de depressão no início dos anos 2000 e não tinha qualquer ligação com a religião.

“De 2002 a 2004, ele teve problemas que causaram um colapso nervoso. Ele ficava irritado, gritava, quebrava tudo na frente dele”, disse Mohamed Mondher Lahouaiej-Bouhlel à agência de notícias AFP na frente de sua casa na cidade de Msaken, na Tunísia.

Cinco pessoas detidas

No comunicado deste sábado, a organização gaba-se do “novo” modus operandi utilizado por “um soldado do EI” para cometer os assassinatos. O EI adverte os “Estados cruzados” que continuará seus ataques, não importa o quão forte seja a sua segurança.

Apesar das ligações do autor do ataque de Nice com o islamismo radical serem questionáveis, o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, disse na sexta-feira à noite que o homem “é um terrorista ligado ao Islã radical, de uma forma ou de outra”. Porém, o ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, se recusou a confirmar se o homem estava ligado ao islamismo radical.

Quatro homens próximos do tunisino foram colocados sob custódia. A ex-mulher do homem, morto pela polícia após o atropelamento de famílias inteiras e turistas na famosa Promenade des Anglais, permanecia sob custódia neste sábado de manhã.

Oito meses após os ataques jihadistas de Paris, o país voltou ao luto nacional por três dias. Neste contexto de tensão, o presidente socialista François Hollande reuniu um segundo Conselho de Defesa no Palácio do Eliseu antes de encontrar todo o seu gabinete para discutir a situação.

Falhas na segurança?

Muitos jornais questionam neste sábado como um caminhão frigorífico de 19 toneladas conseguiu entrar em um local reservado aos pedestres e protegido pelas forças de segurança, mobilizadas por um estado de emergência. O primeiro-ministro Manuel Valls procurou na sexta-feira à noite acalmar as críticas, negando qualquer falha das forças de segurança.

Devido ao novo ataque, o presidente francês anunciou a prorrogação por mais três meses do estado de emergência imposto após os ataques de 13 de novembro.

Pelo menos 17 estrangeiros também foram mortos no ataque, incluindo três alemães, dois americanos, três tunisianos e três argelinos. Um minuto de silêncio será observado na segunda-feira ao meio-dia (7h de Brasília) no país em memória das vítimas.



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