Estudo revela quase mil casos de abuso sexual na Igreja católica suíça
Pesquisa foi publicada pela Universidade de Zurique
publicidade
O primeiro estudo científico sobre a extensão dos abusos sexuais cometidos na Igreja Católica na Suíça permitiu encontrar 921 vítimas desde 1950, revelou nesta terça-feira (12) a Universidade de Zurique, responsável pela investigação das autoridades eclesiásticas.
"Sem dúvida, é apenas a ponta do iceberg", explicou a professora Marietta Meier, que dirigiu o estudo com sua colega Monika Dommann, uma vez que a maioria dos casos não foi denunciada, ou os documentos correspondentes foram destruídos.
É o primeiro resultado de uma investigação de um ano feito por historiadores, destinado a esclarecer os abusos na Suíça. Segue, desse modo, o exemplo de investigações similares realizadas há muito tempo em outras partes do mundo.
Segundo esses primeiros resultados - que serão concluídos com uma nova campanha de investigação com duração de três anos -, 74% das vítimas identificadas até agora são menores.
No total, 510 pessoas, quase todos homens, cometeram os abusos.
Mais de metade (56%) das vítimas são homens; 39%, mulheres; e, no demais casos, o sexo da vítima é desconhecido, destaca o documento.
Na Suíça, como em outros lugares, "ficou claro que as autoridades da Igreja ignoravam, ocultavam, ou minimizavam a maioria dos casos de abuso sexual analisados até os anos 2000", ressaltam os investigadores.
"Quando se veem obrigados a agir, com frequência fazem isso não se concentrando nas pessoas afetadas, mas para proteger os autores, a instituição, ou sua própria posição", reforçam.
Essa questão "nos preocupa há muito tempo, nos aflige e nos envergonha", declarou a presidente da Conferência Central Católica Romana da Suíça, Renata Asal Steger, na entrevista coletiva de apresentação do relatório.
"Passamos batido no tema, foram apresentadas inúmeras desculpas e ações que não fazem jus ao que as vítimas têm direito", reconheceu.