EUA não descartam invasão russa da Ucrânia durante Jogos de Pequim

EUA não descartam invasão russa da Ucrânia durante Jogos de Pequim

Evento ocorre na China até dia 20 de fevereiro

AFP

Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, se manifestou nesta quarta-feira

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Os Estados Unidos afirmaram nesta sexta-feira (11) que a Rússia poderia invadir a Ucrânia antes do encerramento dos Jogos Olímpicos, em 20 de fevereiro, revivendo o fantasma de uma guerra na Europa, em uma escalada dramática que se seguiu a uma intensa fase diplomática.

"Continuamos vendo sinais de escalada russa, inclusive a chegada de novas forças à fronteira com a Ucrânia", alertou o conselheiro da Casa Branca para a Segurança Nacional, Jake Sullivan, após reunião virtual entre o presidente americano, Joe Biden, e seus principais colegas ocidentais.

"Uma invasão poderia ocorrer a qualquer momento se Vladimir Putin decidir ordená-la", acrescentou. "Poderia começar durante os Jogos Olímpicos, apesar de que se especule muito que só ocorrerá depois dos Jogos".

Segundo o funcionário, existe uma "possibilidade muito clara" de que a Rússia invada a Ucrânia, mas desconhece se o líder russo tomou a "decisão final".

Diante desta ameaça, Biden falará por telefone com Putin no sábado sobre a crescente crise sobre a Ucrânia, informou nesta sexta-feira um alto funcionário da Casa Branca. O Kremlin gostaria que os líderes conversassem na segunda-feira, mas aceitou a sugestão americana de antecipar o telefonema, acrescentou a fonte.

Em meio aos anúncios, a bolsa de Nova York recuou fortemente, enquanto o petróleo operava em alta.

Sanções drásticas 

O conselheiro presidencial reafirmou que os ocidentais estão "prontos para todos os cenários" possíveis, com uma resposta sem precedentes em caso de guerra, mas também com a mão estendida para continuar negociando com Moscou sobre a segurança europeia.

Cerca de 3 mil soldados americanos adicionais serão enviados à Polônia "nos próximos dias", anunciou outro alto funcionário americano.

Biden planeja conversar por telefone na manhã de sábado com seu colega russo. O presidente francês, Emmanuel Macron, fará o mesmo ao meio-dia de sábado, segundo o Palácio do Eliseu, antes da visita a Moscou do chanceler alemão, Olaf Scholz, no começo da próxima semana.

Os dirigentes ocidentais conversaram na tarde desta sexta-feira enquanto patinavam os esforços diplomáticos europeus para tentar evitar que a crise entre a Rússia e o Ocidente sobre a Ucrânia vire uma guerra.

"Os aliados estão determinados a adotar conjuntamente sanções rápidas e severas contra a Rússia se houver novas violações da integridade territorial e soberania da Ucrânia", tuitou o porta-voz do chanceler alemão após a reunião. "Todos os esforços diplomáticos buscam persuadir Moscou a ir para uma desescalada. O objetivo é impedir uma guerra na Europa", acrescentou.

A teleconferência reuniu Biden, Macron e Scholz; o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg; a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Layen; e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel; além do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, o presidente polonês, Andrzej Duda, o presidente do Conselho italiano, Mario Draghi, e o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau.

Bombardeios aéreos

As sanções terão como alvo principal "os setores financeiro e energético, bem como as exportações de produtos de alta tecnologia", disse Von der Leyen, citada em comunicado.

O primeiro-ministro britânico disse na videoconferência "temer pela segurança da Europa nas circunstâncias atuais", quando há mais de 100.000 soldados com armamento pesado mobilizados na fronteira com a Ucrânia.

A Casa Branca aplaudiu, no entanto, a unidade "notável" dos ocidentais frente ao que consideram o momento mais perigoso para a Europa desde o fim da Guerra Fria, há 30 anos, e esboçou um cenário dramático em caso de ofensiva russa.

Esta poderia começar com um "bombardeio aéreo e ataques com mísseis que certamente matariam civis", disse Sullivan à imprensa. Também poderia incluir um "ataque rápido" a Kiev.

O conselheiro exortou os cidadãos americanos a deixarem a Ucrânia "nas próximas 24 a 48 horas", seguindo a advertência feita na véspera por Biden, segundo quem "as coisas poderiam acelerar muito rapidamente".

O presidente americano repetiu, no entanto, que não enviaria soldados à Ucrânia, mesmo para evacuar concidadãos em caso de invasão russa, porque poderia iniciar "uma guerra mundial".

Diálogo estéril

Nesta sexta, o Kremlin informou que os diálogos da véspera iniciados em Berlim com representantes de Rússia, Ucrânia, Alemanha e França não deram "nenhum resultado".

Estas discussões estavam relacionads com o conflito no Leste da Ucrânia, que se opõe desde 2014 aos separatistas apoiados pela Rússia e o exército ucraniano, que deixou mais de 14.000 mortos. Os diálogos duraram dez horas e foram "difíceis", segundo fontes próximas dos negociadores franceses e alemães.

Por enquanto, a Rússia, que anexou a Crimeia em 2014, nega ter intenção bélica em relação à Ucrânia, mas condiciona a desescalada a que a antiga república soviética nunca seja incorporada à Aliança Atlântica. Uma condição que os ocidentais consideram inaceitável.

Paralelamente, Moscou anunciou novas manobras militares na fronteira ucraniana, além das que já vem realizando desde quinta-feira em Belarus, país vizinho da Ucrânia.

Moscou anunciou nesta sexta outros treinamentos em "missões de combate" na região fronteiriça russa de Rostov, com centenas de soldados e tanques. Além disso, a Marinha russa está realizando manobras no Mar Negro, limítrofe com a Ucrânia.


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