EUA prega “paz e estabilidade”, enquanto Taiwan elege presidente sob sombra da ameaça chinesa

EUA prega “paz e estabilidade”, enquanto Taiwan elege presidente sob sombra da ameaça chinesa

China pressiona pleito por “decisão correta” e classifica favorito como “perigoso separatista”

AFP

População foi às urnas na ilha sob vigilância chinesa

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O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, ressaltou nesta sexta-feira a importância de "manter a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan”, no momento em que o governo autônomo da ilha reivindicada por Pequim está prestes a eleger um novo presidente. Os taiwaneses iniciaram a votação neste sábado (horário local) para eleger um novo presidente, que terá o desafio de manter o rumo da democracia frente às ameaças crescentes da China de pôr fim à autonomia da ilha.

Na véspera da votação, a China pressionou os taiwaneses a tomarem “a decisão correta” se querem evitar a guerra e descreveu o favorito e atual vice-presidente da ilha, Lai Ching-te, como um perigoso “separatista”. As quase 18 mil sessões eleitorais distribuídas pelo território de 23 milhões de habitantes abriram às 8h e vão fechar às 16h (5h de sábado em Brasília). Os resultados do pleito presidencial, que é disputado em turno único, devem ser conhecidos pela noite.

Três concorrem para serem o sucessor da presidente Tsai Ing-wen, cujo mandato iniciado em 2016 esteve marcado pela crescente pressão diplomática, econômica e militar de Pequim. Além de Lai, do Partido Progressista Democrático (PDD) no poder, concorrem o ex-policial Hou Yu-ih, do Kuomintang (KMT), defensor da manutenção do status quo com a China, e Ko Wen-je, líder do pequeno Partido Popular de Taiwan (PPT). Taiwan e a China continental estão separadas de fato desde 1949, quando as tropas comunistas de Mao Tsé-Tung derrotaram as forças nacionalistas, que se refugiaram na ilha e impuseram uma autocracia que se transformou em democracia na década de 1990.

A China nunca deixou de proclamar sua intenção de "reunificar” o país, se necessário à força. O Exército chinês prometeu “esmagar qualquer tentativa de independência” de Taiwan, localizada a 180 km da sua costa. Os resultados serão acompanhados de perto por Pequim e Washington - o principal aliado e fornecedor de armas para Taipé.

Os candidatos intensificaram suas campanhas na última semana: visitaram templos e mercados, realizaram comícios com dezenas de milhares de participantes e atenderam a imprensa internacional, que acompanha com atenção as eleições.Na sexta-feira, os três partidos na disputa concluíram suas campanhas com atos em Taipé, que reuniram centenas de milhares de pessoas.Lai, assim como a presidente em fim de mandato Tsai, de seu mesmo partido, considera a ilha um Estado independente "de facto” e se apresenta como defensor de seu estilo de vida democrático.

Seu principal adversário, Hou Yu-ih do Kuomintang, acusa Lai e seu partido PPD de contrariarem a China com suas posturas soberanistas e se mostra favorável de estreitar os laços com Pequim.Além desses dois partidos que se alternaram no poder desde o início da democracia taiwanesa, o pequeno PPT abriu caminho se apresentando como uma "terceira via”.


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