Europa teme virar terra de asilo para carrascos de regime de Assad

Europa teme virar terra de asilo para carrascos de regime de Assad

Dos 600 mil refugiados que chegaram à Europa em 2015, metade é oriunda da Síria, segundo a ONU

AFP

Dos 600 mil refugiados que chegaram à Europa em 2015, metade é oriunda da Síria, segundo a ONU

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Alguns membros das forças de segurança sírias envolvidos em torturas e violações dos direitos humanos então entre os refugiados que chegam à Europa, segundo vários testemunhos. "Atualmente, criminosos de guerra se refugiam na França e Europa", declarou recentemente ante deputados franceses o médico franco-sírio Ziad al Isa, da União de Organizações de Socorro e Cuidado na Síria.

Estre esses criminosos estão os "shabihas", milicianos a serviço do governo do presidente Bashar al Assad. Os "shabihas" são quadrilhas de delinquentes, frequentemente de origem alauíta, uma facção minoritária do xiismo ao qual pertence Assad, acusados de várias agressões contra opositores e civis suspeitos de dissidência.

Dos 600 mil refugiados que chegaram à Europa em 2015, metade é oriunda da Síria, segundo a ONU. Uma parte importante dos sírios provêm das zonas controladas pelo governo e não dos campos de refugiados nos países limítrofes.

Em um grupo de refugiados que chegou à ilha grega de Kos havia vários milicianos pertencentes a uma mesma família oriunda de Tartus (noroeste da Síria), afirmou um empregado Sírio em uma ONG internacional que solicitou anonimato. "Nós também somos vítimas da guerra", explicou uma dessas pessoas, segundo a fonte que organizou uma missão em Kos.

Uma página do Facebook, "São criminosos, não refugiados!", criado por sírios, é dedicada a desmascarar esses milicianos que combateram na Síria. De um lado há fotos dos milicianos armados posando sob uma imagem de Assad e pisando em cadáveres. De outro, fotos que mostram as mesmas pessoas em uma praça ou terraço de um café, desfrutando a nova vida na Europa.

"Decidimos criar a página após receber testemunhos de refugiados sírios, surpresos por ter reconhecido na Europa alguns de seus carrascos", explicou Qutaiba Yacine, um dos administradores da página. "Juntamos testemunhas para desmascarar os criminosos", afirmou Yacine. São cerca de 500 pessoas, em sua maioria residentes na Europa do Norte, Alemanha e Áustria, mas também na França, explica. "Não estou segura da autenticidade dessas imagens", comentou o político Ziad Majed, especialista sobre a Síria.

Por outro lado, informações vindas da Síria afirmam que "são cada vez mais numerosos os jovens da comunidade alauíta que tentam fugir para evitar o serviço militar forçado", assegurou. "Pode ser o caso de jovens que querem sair do serviço militar e de uma guerra sem fim", agregou o especialista. "Mas também pode ter entre eles ex-shabihas envolvidos em crimes de guera. É um tema muito delicado", concluiu. É legítimo perguntar se entre os refugiados sírios há repressores, estima um magistrado francês, integrante do tribunal de direitos de asilo que pediu anonimato.

A Repartição Francesa para os Refugiados e os Expatriado (OFPRA) e os organismos similares na Europa procuram detectar esses casos, mas "é muito difícil", afirmou a fonte. "Há tantas identidades falsas e tantos testemunhos falsos, que é difícil ter uma noção da realidade", afirmou. "Há uma regra de exclusão muito clara: os responsáveis por qualquer violação das convenções de Genebra são de fora do direito de asilo", afirmou o chefe da OFPRA.

"Por isso é importante que haja centros de acolhimento dos refugiados nas portas de entrada da Europa, para poder detectar os casos litigiosos", enfatiza a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Celine Schmitt.

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