Exército israelense amplia ofensiva terrestre no sul da Faixa de Gaza

Exército israelense amplia ofensiva terrestre no sul da Faixa de Gaza

Nesta terça-feira, muitos civis fugiram de Khan Yunis em direção à cidade vizinha de Rafah, perto da fronteira fechada com o Egito

AFP

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O Exército de Israel lançou nesta terça-feira, 5, operações terrestres na cidade de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, em sua guerra contra o Hamas. Segundo a ONU, a ofensiva gerou temores de um "cenário ainda mais infernal" para os civis bloqueados em uma localidade muito pequena no território palestino.

"Estamos agora no coração de Jabaliya, no coração de Shejaiya (no norte da Faixa) e agora também no coração de Khan Yunis", disse o major-general Yaron Finkelman, chefe do Comando Sul do Exército israelense, relatando à imprensa sobre o "dia mais intenso desde o início da operação terrestre" em Gaza.

Israel, que em 27 de outubro lançou uma ofensiva terrestre no norte da Faixa, estendeu suas operações a todo o território de quase 2,4 milhões de habitantes, cerca de dois meses após o início da guerra iniciada em 7 de outubro por um ataque sangrento do movimento islamita Hamas no sul de Israel.

Os bombardeios no sul do território palestino tiveram início em 1º de dezembro, após o fim de uma trégua de sete dias. Centenas de milhares de civis que haviam se refugiado em abrigos, escolas e tendas improvisadas, agora estão presos em um perímetro cada vez menor, tentando escapar das bombas. 

Cenário "infernal"

Nesta terça-feira, muitos civis fugiram de Khan Yunis em direção à cidade vizinha de Rafah, perto da fronteira fechada com o Egito, segundo imagens da AFP.

Os bombardeios da madrugada de terça-feira deixaram dezenas de mortos em Gaza, informou o serviço de imprensa do Hamas, que governa a região desde 2007. 

Um desses atentados deixou 24 mortos em uma escola em Khan Yunis que abrigava pessoas deslocadas, disse o Ministério da Saúde do grupo islamista.

"Pelo menos 60.000 pessoas adicionais foram forçadas a se mudarem para abrigos já superlotados", informou na segunda-feira (4) o diretor da Agência da ONU para os Refugiados (UNRWA), Philippe Lazzarini.

Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), é "impossível" implementar zonas seguras como as demarcadas por Israel. 

"Um cenário ainda mais infernal, à qual as operações humanitárias não vão poder responder, está prestes a se desencadear", alertou Lynn Hastings, coordenadora humanitária da ONU para os territórios palestinos.

Confrontos no norte

Os bombardeios e os confrontos continuaram no norte, onde o Exército anunciou que havia "tomado o controle de posições importantes" do Hamas. 

As forças israelenses controlam vários setores desta região e realizaram operações "na área de Jabaliya", o maior campo de refugiados palestinos na Faixa.

O braço armado do Hamas anunciou que disparou uma série de foguetes contra Beersheva, uma cidade no deserto de Negev, no sul de Israel. 

Segundo o balanço informado na segunda-feira pelo Ministério da Saúde do movimento islamista, um total de 15.899 pessoas, 70% delas mulheres e crianças, morreram em Gaza desde o início dos bombardeios israelenses.

Em Israel, o ataque de 7 de outubro do grupo islamista deixou 1.200 mortos, a maioria civis, segundo as autoridades israelense. 

Em resposta, o governo israelense prometeu aniquilar o Hamas e seu Exército anunciou, nesta terça-feira, que 80 soldados morreram em Gaza desde o início da ofensiva terrestre.

A assessoria de imprensa do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, indicou que 138 reféns sequestrados em Israel no sangrento ataque continuam detidos na Faixa, depois de ter acrescentado à lista uma pessoa até então considerada desaparecida.

Inação "vergonhosa"

A trégua de sete dias possibilitou a libertação de 105 reféns, incluindo 80 em troca de 240 prisioneiros palestinos detidos em Israel.

O emir do Catar, xeque Tamim bin Hamad al Thani, país que atuou como mediador da trégua, descreveu na terça-feira a falta de ação da comunidade internacional face à guerra como "vergonhosa".

Segundo a ONU, 1,8 milhão de pessoas foram deslocadas em Gaza, onde os ataques destruíram ou danificaram mais de metade das casas naquele território de 362 km2.

Sob cerco israelense desde 9 de outubro, as necessidades na Faixa resultaram em uma grave escassez de água, alimentos, medicamentos, eletricidade e combustível. 

A ajuda humanitária, com exceção da trégua de sete dias, chega aos poucos do Egito e depende da autorização israelense. 

A guerra em Gaza também reacendeu a tensão na fronteira entre Israel e Líbano, onde ocorrem tiroteios diários entre o Exército israelense e o Hezbollah xiita libanês, um aliado do Hamas.

Um soldado libanês morreu e outros três ficaram feridos nesta terça, em um bombardeio de Israel contra um posto militar no sul do Líbano, informou o Exército deste país.


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