Ex-arcebispo australiano condenado por encobrir pedofilia evita prisão
Antes de começar a cumprir pena de um ano, Philip Wilson conseguiu progressão para prisão domiciliar
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O juiz Robert Stone anunciou que o ex-arcebispo não precisará cumprir a pena na prisão, diante de sua idade avançada e das más condições físicas e mentais. Deverá, porém, usar uma tornozeleira eletrônica, segundo o jornal "Newcastle Herald".
Wilson foi padre em Nova Gales do Sul até ser nomeado pelo papa João Paulo II como bispo de Wollongong, em 1966. Cinco anos depois, tornou-se arcebispo de Adelaide. Ele renunciou ao posto de arcebispo em julho, após o premier australiano, Malcolm Turnbull, pedir ao Vaticano para afastá-lo do cargo.
Depois de uma década de revelações, o governo australiano cedeu à pressão e criou uma comissão para investigar as denúncias. Com base no testemunho de milhares de vítimas, a apuração determinou que 7% dos religiosos católicos australianos fossem acusados de abusos sexuais de crianças entre 1950 e 2010, sem que as recomendações dessem lugar a investigações.
Sem comentários
Wilson não fez qualquer comentário ao deixar o tribunal, onde era esperado pelas vítimas de Jim Fletcher. Uma delas, Peter Gogarty, exigiu que o arcebispo pedisse perdão, mas o religioso permaneceu calado. "Vai pedir perdão pelo que fez a mim e a todos que sofreram abusos quando eram crianças?", insistiu Gogarty. Outra vítima do padre pedófilo, Daniel Feenan, também criticou a atitude de Wilson. "Gostaria que demonstrasse algum arrependimento, gostaria que pedisse perdão", afirmou.
Durante o julgamento, não houve dúvidas de que o padre Jim Fletcher, já falecido, abusou sexualmente de um coroinha, mas a Justiça queria determinar se Philip Wilson, na época um jovem sacerdote, tinha conhecimento dos fatos. O eclesiástico negou todas as acusações e seus advogados tentaram várias vezes arquivar o caso, alegando o fato do religioso ter alzheimer.
O ex-arcebispo é um dos eclesiásticos de mais alto escalão na hierarquia católica mundial a ser condenado por esse tipo de crime. O papa Francisco adotou a linha de tolerância zero contra a pedofilia na Igreja, após uma série de escândalos que abalaram seu papado.