Ex-presidente do Peru é preso por caso Odebrecht

Ex-presidente do Peru é preso por caso Odebrecht

Pedro Pablo Kuczynski é suspeito de lavagem de dinheiro

AFP

Kuczynski teve novo pedido de prisão decretado

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A polícia peruana deteve nesta quarta-feira por 10 dias o ex-presidente Pedro Pablo Kuczynski acatando uma ordem judicial emitida no contexto de uma investigação na qual ele é suspeito de lavagem de dinheiro no escândalo de corrupção envolvendo a Odebrecht. 

Após passar por avaliação médica, Kuczynski foi detido na prefeitura de Lima, após sua detenção ter sido ordenada, mais cedo, pelo Judiciário. "O Terceiro Juiz de Instrução Preliminar ordenou a detenção preventiva de 10 dias contra o ex-presidente Pedro Pablo Kuczynski, no âmbito da investigação que está sendo conduzida pelo alegado crime de lavagem de dinheiro no caso da Odebrecht", indicou em um comunicou o Poder Judiciário. 

A ordem veio do Superior Tribunal de Justiça Especializado em Delitos de Crime Organizado, que aceitou um pedido do promotor especial da Operação Lavo Jato/Odebrecht, José Domingo Pérez, que investiga o ex-presidente.

O juiz também autorizou a Procuradoria a revistar a casa de Kuczynski por 48 horas, em busca de documentos relacionados ao caso. É a segunda vez em um ano que buscas são feitas na residência do ex-presidente. 

Depois de demonstrar incredulidade pela ordem judicial, um indignado Kuczynski disse que era ridículo e denunciou uma "perseguição" contra ele em declarações aos meios de comunicação no Peru e na Colômbia. "Parece ridículo para mim", disse por telefone a um repórter do programa Panorama.

"Há uma perseguição aqui, respondi à procuradoria todas as vezes que fui (convocado). O pessoal da Odebrecht foi muito claro sobre eu não ter nada a ver com essas acusações e, bem, verei o que eles estão tentando me dizer agora. Não posso dizer mais nada", disse Kuczynski em comunicado à rádio W da Colômbia. "Eu cumpri tudo, e isso é muito claro: não tenho nada a ver com isso", ressaltou. 

"Vamos recorrer" 

Kuczynski, um ex-banqueiro de Wall Street de 80 anos, cumprirá a sentença de prisão na sede policial da Divisão de Investigações de Alta Complexidade (Diviac) em Lima. Eleito em 2016, renunciou em março de 2018 à presidência do escândalo, que o tornou o primeiro presidente em exercício na América Latina a deixar o cargo no caso da Odebrecht.

A prisão também inclui sua ex-secretária, Gloria Kisic, e seu motorista, José Luis Bernaola. O advogado de Kuczynski, Nelson Miranda, considerou arbitrária a sentença de prisão: "É uma decisão que vamos recorrer", disse a repórteres. 

No Peru, o escândalo da empresa brasileira Odebrecht também afetou os ex-presidentes Alejandro Toledo (2001-2006), Alan García (2006-2011) e Ollanta Humala (2011-2016), todos investigados pela promotoria.

A líder da oposição, Keiko Fujimori, cumpre prisão preventiva desde outubro de 2018 também por suposta lavagem de dinheiro depois de receber recursos da Odebrecht para sua campanha. 

Busca de documentos 

Kuczynski permanece no Peru desde que renunciou, impedido por uma ordem judicial de deixar o país enquanto durar a investigação. Suas contas bancárias foram confiscadas. Um tribunal de justiça negou-lhe em julho passado uma permissão para se submeter a exames médicos nos Estados Unidos, onde viveu durante anos como um banqueiro de sucesso.

A Odebrecht afirmou ter pago quase cinco milhões de dólares a Kuczynski por ter assessorado duas empresas ligadas a ele, a First Capital e a Westfield Capital, enquanto ele era ministro de Alejandro Toledo (2001-2006). 

Até então, Kuczynski havia negado qualquer vínculo com a empresa brasileira. Agora, os procuradores estão procurando documentos que liguem Kuczynski ao conselho da Odebrecht para essas empresas, disse uma fonte da procuradoria. 

Além disso, Jorge Barata, ex-chefe da Odebrecht no Peru, disse aos promotores peruanos no Brasil que a empresa contribuiu com US$ 300 mil para a campanha presidencial de 2016 de Kuczynski por Susana de la Puente, atual embaixadora do Peru no Reino Unido.

Toledo, por sua vez, é acusado de receber 20 milhões de dólares em subornos para escolher a Odebrecht como construtora de estradas na Amazônia. O Peru solicita sua extradição dos Estados Unidos.


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