Ex-presidente peruano pede para deixar prisão por tratamento de câncer

Ex-presidente peruano pede para deixar prisão por tratamento de câncer

Alejandro Toledo está detido desde 23 de abril em uma pequena prisão por supostamente receber 35 milhões de dólares em propina

AFP

Ex-presidente do Peru, Alejandro Toledo

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O ex-presidente do Peru Alejandro Toledo solicitou, nesta sexta-feira (3), sua saída da prisão para receber tratamento contra câncer, em sua primeira intervenção no julgamento que enfrenta por supostamente ter recebido propinas milionárias da construtora brasileira Odebrecht.

"Peço-lhes por favor, tem a ver com o tema da minha saúde, peço que eu possa me defender em liberdade [...] Tenho câncer", suplicou Toledo, de 77 anos, com a voz embargada ao se dirigir ao tribunal.

Toledo sugeriu inclusive que fosse colocado em "prisão domiciliar" caso não recupere sua liberdade, segundo a audiência transmitida pelo canal do Poder Judiciário, à qual a imprensa não teve acesso.

O ex-governante (2001-2006) citou como exemplo a situação legal de outros dois ex-presidentes que o sucederam, Pedro Pablo Kuczynski e Ollanta Humala, que respondem em liberdade em outros julgamentos derivados do escândalo Odebrecht no Peru.

Toledo ressaltou que é "vital" ter acesso a uma clínica para o tratamento do câncer. Contudo, não especificou seu tipo de câncer, mas assinalou que, há 15 anos, sofre de "sérias enfermidades", que foram tratadas nos Estados Unidos.

O ex-presidente está detido desde 23 de abril em uma pequena prisão para ex-presidentes a leste de Lima, onde cumpre 18 meses de prisão preventiva, após ser extraditado pelos Estados Unidos. No presídio também estão os ex-presidentes Alberto Fujimori (1990-2000) e Pedro Castillo (2021-2022).

Toledo começou a ser julgado em 17 de outubro por supostamente receber 35 milhões de dólares (R$ 171 milhões, na cotação atual) em propina. O Ministério Público pediu 20 anos e seis meses de prisão pelos supostos crimes de conluio e lavagem de dinheiro em prejuízo do Estado.

Segundo acusação, a propina permitiu à Odebrecht ganhar uma concessão para construir um trecho da rodovia Interoceânica Sul, entre Peru e Brasil.

Toledo nega as acusações desde que a Odebrecht revelou, em 2016, à Justiça dos Estados Unidos um esquema de corrupção a nível regional para obter concessões de obras públicas.

O esquema de corrupção de Odebrecht abrange quatro ex-presidentes do Peru. Além de Toledo, o MP investigou Alan García (2006-2011), que se suicidou em 2019, antes de ser detido, Ollanta Humala (2011-2016) e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018).


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