Executiva da Huawei pede para ser solta sob fiança por motivos de saúde

Executiva da Huawei pede para ser solta sob fiança por motivos de saúde

Meng Wanzhou é acusada de fraude relacionada a supostas sanções dos EUA contra o Irã

AFP

Prisão de Meng Wanzhou mobilizou cidadãos asiáticos

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A executiva da companhia chinesa de telecomunicações Huawei, presa no Canadá a pedido dos Estados Unidos, solicitou nessa segunda-feira a um tribunal de Vancouver para ser libertada sob vigilância por motivos de saúde, enquanto Pequim intensifica seus protestos. Meng Wanzhou, diretora de finanças da Huawei, é acusada de fraude relacionada a supostas violações de sanções dos Estados Unidos contra o Irã e aguarda a decisão do tribunal canadense sobre a fiança.

Meng foi detida em Vancouver no último dia 1, quando trocava de avião durante uma viagem de Hong Kong para o México. Sua prisão enfureceu Pequim, abalou os mercados e aumentou as tensões em meio a uma trégua na guerra comercial EUA-China.

O último protesto sobre o caso também levou à suspensão de uma missão comercial canadense à China nesta semana. Meng concordou em entregar seu passaporte e submeter-se a um controle eletrônico caso seja libertada, enquanto aguardaria o resultado do pedido de extradição. Em um depoimento de 55 páginas, Meng disse que desde a sua prisão ela tem sido tratada por hipertensão. "Ainda me sinto mal e temo que minha saúde se deteriore enquanto eu estiver presa", declarou.

Meng argumenta que sofreu numerosos problemas de saúde, incluindo uma cirurgia para câncer de tireoide em 2011. "Desejo permanecer em Vancouver para impugnar minha extradição e refutarei as acusações no julgamento nos Estados Unidos se me entregarem em última instância", disse.

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Na última sexta, a Procuradoria canadense se opôs a libertá-la sob fiança por considerar possível que ela fuja para a China, de modo a evitar a extradição para os Estados Unidos. A executiva é acusada pela Justiça americana de "complô para fraudar várias instituições financeiras" dos Estados Unidos. Ela teria escondido dessas instituições os vínculos entre a Huawei e uma de suas filiais que tentava vender material para o Irã, apesar das sanções impostas a Teerã por Washington.

Se for considerada culpada por essas acusações, Meng pode ser condenada a até 30 anos de prisão. O porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores Lu Kang declarou nesta segunda-feira que a prisão de Meng é "desumana e viola seus direitos". O porta-voz disse ainda que o Canadá não informou imediatamente as autoridades consulares chinesas sobre a detenção de Meng, em violação de um tratado bilateral.

Segundo o jornal chinês pró-governo Global Times, que não cita fontes, "o centro de detenção canadense não oferece a ela os cuidados de saúde necessários". O caso não deve ter grande impacto nas negociações comerciais de Washington com Pequim, afirma o representante americano para o Comércio (USTR, na sigla em inglês), Robert Lighthizer, à frente do diálogo com a China. "Trata-se de um caso penal que está totalmente separado do meu trabalho, ou das pessoas que trabalham em políticas comerciais", declarou, em entrevista à rede CBS, referindo-se à Huawei.

Na tentativa de aliviar a tensão, o conselheiro econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, chegou a declarar à emissora Fox News que o presidente Donald Trump não estava a par da prisão de Meng Wanzhou, quando, na semana passada, jantava com seu colega chinês, Xi Jinping, em paralelo ao G20, em Buenos Aires.

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