Expira ultimato europeu a Maduro, que tenta frear ofensiva de Guaidó
No sábado, milhares de manifestantes tomaram as ruas de Caracas para apoiar e refutar o líder bolivariano
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• Multidão de opositores desafia Maduro no 20º aniversário da revolução chavista
Guaidó, que se proclamou presidente interino, também deve informar quando chegará a ajuda humanitária anunciada no sábado, durante uma enorme manifestação de seus partidários para exigir a saída de Maduro. Centros de armazenamento deverão ser organizados do outro lado da fronteira, na Colômbia e no Brasil, e em uma "ilha do Caribe". Os Estados Unidos indicaram que vão transportar esta ajuda a pedido de Guaidó.
Maduro também reuniu milhares de partidários no sábado em Caracas e relançou a ideia de eleições antecipadas para substituir um Parlamento de maioria opositora. O mandato atual da Assembleia Nacional, eleita no final de 2015, vai até janeiro de 2021. E as próximas eleições legislativas estão programadas para o final de 2020.
Dezenas de milhares de manifestantes tomaram as ruas de Caracas, parte delas para exigir a partida de Maduro e outra para celebrar o 20º aniversário da revolução bolivariana e reafirmar seu apoio ao chefe de Estado. Em ambos os lados, fotos mostraram ruas e avenidas lotadas de pessoas. Não há números confiáveis sobre as mobilizações. Em um palco montado em frente à representação da União Europeia, na capital venezuelana, o líder da oposição previu um mês de fevereiro "decisivo" para expulsar Maduro do poder.
"Vamos continuar nas ruas até sermos livres, até o final da usurpação", disse com a voz rouca. Ele pediu aos seus partidários para que mantenham a pressão durante uma nova manifestação em 12 de fevereiro, o Dia da Juventude na Venezuela. Outra mobilização, ligada à distribuição de ajuda humanitária, é esperada nos próximos dias. Os venezuelanos também se manifestaram contra Maduro em vários países da América Latina, incluindo Colômbia, Chile, Costa Rica, México e Argentina.
"Liberdade!"
Em sua conta no Twitter, o presidente colombiano Iván Duque anunciou a abertura em seu país de três centros para a coleta de ajuda humanitária, incluindo medicamentos e alimentos, para a Venezuela. "Nós não fomos e não seremos um país de mendigos", reagiu Nicolás Maduro. Por outro lado, "há quem se sinta mendigos do imperialismo e que vendem sua pátria por 20 milhões de dólares", continuou ele, referindo-se à quantidade de ajuda humanitária prometida pelos Estados Unidos a Juan Guaidó.
Desde o início das mobilizações, em 21 de janeiro, cerca de quarenta pessoas foram mortas e mais de 850 foram presas, segundo a ONU. A manifestação da oposição se dispersou sem grandes incidentes. A cerca de dez quilômetros de distância, Maduro anunciou aos seus seguidores um aumento no número de soldados, chamando milicianos a se juntarem ao exército para enfrentar o que ele chamou de "plano macabro" dos Estados Unidos. Referindo-se ao ultimato lançado pelos europeus, o canal de televisão venezuelano TeleSUR lamentou em seu site "a postura intervencionista adotada pelo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e pela União Europeia".
Maduro não é reconhecido por parte da comunidade internacional, enquanto Guaidó é apoiado pelos Estados Unidos, a maioria dos Estados latino-americanos e alguns países europeus. Na quinta-feira, o Parlamento Europeu reconheceu a autoridade de Guaidó e exortou todos os países da UE a fazer o mesmo. E, agora, um primeiro embaixador venezuelano se juntou a Guaidó. No Iraque, Jonathan Velasco disse em uma mensagem que a Assembleia Nacional era "o único poder legítimo".