França estende tapete vermelho para Charles III em sua primeira visita como rei

França estende tapete vermelho para Charles III em sua primeira visita como rei

Viagem de três dias que busca demonstrar que as bases da aliança entre os países seguem sólidas após o Brexit

AFP

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O rei britânico, Charles III, é o convidado de honra de um jantar suntuoso no Palácio de Versalhes, nesta quarta-feira (20), primeiro dia de sua visita oficial à França para confirmar a união entre os dois países mesmo com o Brexit.

O monarca e a mulher, Camilla, foram recebidos calorosamente pelo presidente e pela primeira-dama da França, Emmanuel Macron e Brigitte. Esta última voltou a cumprimentar Camilla com dois beijos e ainda a ajudou a colocar de volta a capa de seu vestido, da marca francesa Dior, dois gestos impensáveis na época da falecida rainha Elizabeth II.

Durante o brinde, Charles III pediu que França e Reino Unido "revitalizem" seus laços: "Cabe a todos nós revitalizar nossa amizade, para que esteja à altura dos desafios do século XXI", declarou o soberano, de 74 anos.

Prevista para março, a primeira viagem de Charles III ao exterior desde sua ascensão ao trono, em setembro de 2022, deveria ter sido à França, mas um conflito social o obrigou a adiá-la, e seu primeiro destino foi a Alemanha.

À tarde, políticos, empresários e diplomatas de ambos os países, além de celebridades como o cantor Mick Jagger e o ator Hugh Grant, entre outros, passaram pelo tapete vermelho estendido em Versalhes. O jantar - lagosta azul, aves de Bresse e macaron de rosas de sobremesa - acontece na Galeria dos Espelhos, onde Elizabeth II foi recebida com um almoço em 1957.

Charles III visitará amanhã o mercado das flores, perto da catedral de Notre-Dame em Paris e que, desde 2014, leva o nome de Elizabeth II, que gostava de visitar o local. Ele disse querer "seguir os passos de sua mãe", explicou a presidência francesa.

Recepção

Sob o céu azul de Paris, Emmanuel Macron e a mulher deram as boas-vindas à tarde ao casal real no Arco do Triunfo, onde teve início a visita de três dias dos britânicos à França. Os chefes de Estado percorreram a icônica avenida Champs-Élysées em um conversível, escoltados por 136 cavalos da Guarda Republicana, rumo ao Palácio do Eliseu, onde se reuniram.

Após o encontro, Macron e Charles III caminharam até a embaixada britânica, parando para cumprimentar parisienses que os aguardavam atrás de cercas de segurança. Alguns gritavam "Viva o rei!".

"Tem um padrão muito alto", comentou Ellie, enfermeira australiana que viaja pela Europa. "A rainha Elizabeth era uma pessoa mais próxima do povo".

"Trata-se do rei Charles III se posicionando no cenário internacional como um líder público", comentou o especialista em realeza e historiador real Ed Owens, para quem o soberano abordará durante a viagem suas preocupações com o clima e o meio ambiente.

A viagem do rei, que mantém uma relação pessoal muito boa com Macron, também é vista como uma estratégia de "soft power" do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, para restabelecer as relações entre ambos os países.

Estreitar relações

A saída do Reino Unido causou tensões políticas em ambos os lados do Canal da Mancha sobre a pesca ou a migração, entre outros temas. O presidente francês teve uma relação particularmente complicada com o ex-premiê britânico Boris Johnson.

"A visita chega em um contexto de estreitamento dos laços entre o Reino Unido e a França", comemorou a Presidência francesa. Em abril, os dois países devem celebrar o 120º aniversário da Entente Cordiale, que pôs fim a séculos de conflito entre eles.

Para o historiador Fabien Oppermann, "sempre que se quis marcar uma relação privilegiada com a Inglaterra, houve uma recepção em Versalhes", como em 1957, um ano após a crise do Canal de Suez. Em um contexto de inflação, porém, este banquete pode afetar a imagem de Macron, seis meses depois da crise por sua impopular reforma da Previdência.

Autoridades mobilizaram 8.000 policiais e agentes, dispositivo que chegará a 12.000 na sexta, quando a visita do rei coincidirá com a do papa Francisco a Marselha (sudeste).


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