França pede que Vaticano assuma "responsabilidades" sobre religioso acusado de abuso
Denunciantes solicitam que Igreja Católica suspenda permanentemente imunidade diplomática de seu representante
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A ministra francesa de Assuntos Europeus, Nathalie Loiseau, pediu nesta sexta-feira ao Vaticano que assuma suas "responsabilidades" após as acusações de agressão sexual contra seu representante na França. "Espero que a Santa Sé assuma suas responsabilidades", declarou a ministra em resposta a uma pergunta do canal CNEWS sobre uma possível suspensão da imunidade diplomática do núncio apostólico, Luigi Ventura, embaixador do Vaticano na França.
Duas denúncias foram apresentadas na França contra o religioso italiano de 74 anos por contato sexual. Na edição de quinta-feira do jornal francês Libération, três homens - incluindo dois que apresentaram denúncias - acusaram o núncio de agressões sexuais e pediram a retirada de sua imunidade diplomática para a continuidade da investigação. "Se os fatos se confirmarem, seriam fatos particularmente graves porque quando você é uma autoridade religiosa supõe-se que você é uma autoridade moral, portanto é um fator agravante", disse Loiseau.
"No momento, (o núncio) tem imunidade diplomática, mas a Santa Sé está evidentemente a par das acusações graves contra o núncio apostólico e não tenho nenhuma dúvida de qua a Santa Sé tomará a boa decisão", completou a ministra, insinuando desta maneira que a França solicita ao Vaticano a retirada da imunidade. Com a imunidade de jurisdição, os diplomatas não têm a princípio a obrigação de comparecer às jurisdições francesas das áreas penal, civil e administrativa.
A imunidade só pode ser retirada pelo país que o embaixador representa. O Estado francês pode declarar 'persona non grata' um representante estrangeiro, que deve retornar a seu país. O núncio e diplomata Luigi Ventura ocupa seu cargo em Paris desde 2009. Ele é responsável pela relações da Santa Sé com as autoridades francesas, assim como pelos bispos da França.