"Fui acusado erroneamente e detido injustamente", diz Ghosn em audiência

"Fui acusado erroneamente e detido injustamente", diz Ghosn em audiência

Ex-presidente da empresa declarou nesta terça-feira que agiu com a "aprovação dos diretores da Nissan"

AFP e AE

Ex-presidente da empresa declarou nesta terça-feira que agiu com a "aprovação dos diretores da Nissan"

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O ex-presidente da Nissan Carlos Ghosn, preso no Japão por supostas irregularidades financeiras, participou nesta terça-feira de uma audiência no Tribunal Distrital de Tóquio que visa a justificar o motivo de sua detenção prolongada. Foi a primeira aparição pública do executivo brasileiro desde sua prisão, em 19 de novembro.

No início da sessão, Ghosn apresentou um comunicado em que nega as irregularidades e se diz inocente. "Eu fui acusado erroneamente e fui injustamente detido com base em alegações sem mérito e sem substância", diz o texto. Mais de mil pessoas tentaram acompanhar a audiência, de acordo com o tribunal, mas só 14 cadeiras ficaram disponíveis para o público em geral.

O antigo chefe da Nissan compareceu à sessão de terno e chinelos, parecendo mais magro do que em fotos de antes da detenção. Na audiência, o juiz Yuichi Tada leu as acusações e disse que o executivo está preso por causa do risco de fuga e para evitar que ele esconda provas. Os promotores de Tóquio denunciaram o executivo por subestimar, intencionalmente, sua remuneração em dezenas de milhões de dólares nas demonstrações financeiras da Nissan. Os promotores também acusam Ghosn de se aproveitar de sua posição para conseguir ganhos pessoais. Eles suspeitam que o executivo forçou a empresa a assumir perdas pessoais em investimentos com derivativos.

Carlos Ghosn disse ainda que agiu com "a aprovação dos diretores da Nissan". Nas declarações ao tribunal em Tóquio, Ghosn afirmou ter "agido com honra, legalmente e com o conhecimento e a aprovação dos diretores da companhia".

O ex-chefe da Nissan, de 64 anos, recordou que "dedicou duas décadas de sua vida para reerguer" a montadora japonesa. Ghosn, preso em Tóquio, seguirá na prisão devido ao risco de fuga, decidiu o juiz ao qual prestou depoimento nesta terça. O juiz também mencionou o risco de Ghosn interferir para alterar provas em sua justificativa para manter o executivo na prisão. O empresário franco-brasileiro-libanês foi acusado no dia 10 de dezembro de sonegar 5 bilhões de ienes (44 milhões de dólares) em rendas entre 2010 e 2015. Ghosn também é suspeito de sonegação de renda entre 2015 e 2018, de abuso de confiança, e de desviar dinheiro de uma conta da Nissan para um amigo saudita.

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