Gaza tem corte nas telecomunicações, enquanto Israel prossegue com operação em hospital

Gaza tem corte nas telecomunicações, enquanto Israel prossegue com operação em hospital

Complexo de saúde Al Shifa está sem água e energia elétrica

AFP

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O Exército de Israel prosseguia, nesta sexta-feira (17), com a operação no principal hospital de Gaza em busca de esconderijos do Hamas, enquanto o território palestino ficou sem serviços de telecomunicações por "falta de combustível", segundo a ONU. O governo do Hamas afirmou que os soldados israelenses "destruíram vários setores" do hospital Al Shifa, um imenso complexo na cidade de Gaza, epicentro da guerra.

Desde o violento ataque do Hamas contra seu território em 7 de outubro, que deixou 1,2 mil mortos, a maioria civis, Israel prometeu "aniquilar" o movimento islamista, considerado um grupo "terrorista" por Estados Unidos, União Europeia e Israel. Além disso, os combatentes do Hamas sequestraram quase 240 reféns, que foram levados para Gaza.

As tropas israelenses bombardeiam de modo incessante o pequeno território palestino desde o dia do ataque. Em 27 de outubro iniciaram uma operação terrestre, o que provocou intensos combates com os milicianos do Hamas e a morte de 51 soldados. Em Gaza, a ofensiva israelense deixou 11.500 mortos, incluindo 4.710 crianças, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

A operação iniciada na quarta-feira contra o hospital Al Shifa, que está sem água e energia elétrica, gerou protestos na comunidade internacional, preocupada com os quase 2.300 civis que, segundo a ONU, estão no centro médico.

Operação "prédio por prédio"

Israel acusa o Hamas de utilizar os hospitais do território como bases e de usar os pacientes como "escudos humanos". Uma fonte militar israelense afirmou que os soldados "estão revistando cada andar, prédio por prédio, embora centenas de pacientes e profissionais da saúde ainda estejam no local". "Nossos soldados descobriram a entrada de um túnel no hospital Al Shifa", anunciou na quinta-feira à noite o porta-voz militar Daniel Hagari.

Israel afirma que o centro médico, o maior da Faixa, abriga infraestruturas estratégicas do Hamas, como túneis, o que o movimento islamista nega. O Exército afirmou ter encontrado "munições, armas e equipamentos militares" no hospital, além de "imagens relacionadas aos reféns" capturados pelo Hamas. "Temos fortes indícios de que (os reféns) estavam detidos no hospital Al Shifa e esta é uma das razões pela qual entramos. Os reféns estavam lá, mas foram transferidos", disse o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ao canal americano CBS.

O Exército anunciou nesta sexta-feira que encontrou o corpo de Noa Marciano, uma militar de 19 anos sequestrada pelo Hamas, em uma estrutura anexa ao hospital Al Shifa. O governo de Israel havia confirmado a morte da jovem no início da semana. Na quinta-feira, os militares encontraram, também nas imediações do hospital, o corpo de Yehudit Weiss, uma refém de 65 anos "assassinada pelos terroristas da Faixa de Gaza".

Corte das telecomunicações

O pequeno território está sob cerco total desde 9 de outubro, quando Israel cortou o abastecimento de água, energia elétrica, alimentos e remédios. A ajuda internacional chega a conta-gotas em caminhões procedentes do Egito, mas a ONU afirma que é insuficiente e pede combustível para os geradores dos hospitais.

O diretor da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, disse que a falta de combustível provocou "novamente um corte total das comunicações". "Todos os serviços de telecomunicações na Faixa de Gaza estão fora de serviço porque as fontes de energia que alimentam a rede estão esgotadas", anunciou a operadora palestina Paltel.

A AFP não conseguiu entrar em contato nesta sexta-feira com integrantes de sua equipe neste território. Horas depois, Israel anunciou que autorizará a entrada de dois caminhões-tanque com combustível por dia em Gaza. "Não temos energia elétrica nem água potável ou comida (...) Milhares de mulheres, crianças, doentes e feridos estão em perigo", declarou à AFP o porta-voz do Ministério da Saúde do Hamas, Ashraf al Qidreh.

A ONU calcula que o conflito provocou o deslocamento de 1,65 milhão dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza, que enfrentam, segundo o Programa Mundial de Alimentos (PMA) um "risco imediato de fome".

Sete mortos na Cisjordânia ocupada

A ONU e vários líderes internacionais pedem um cessar-fogo por razões humanitárias, mas Netanyahu se nega a aceitar a medida e exige que os reféns sejam libertados antes. Nesta sexta-feira, uma caminhada de parentes de reféns que partiram na terça-feira de Tel Aviv deve chegar à entrada do gabinete do primeiro-ministro em Jerusalém. As famílias exigem um acordo imediato sobre o tema.

Negociações estão em curso, com o Catar como mediador, mas são "muito delicadas", admitiu o chanceler egípcio Sameh Shukry, que afirmou estar "em contato com o Hamas, com outras partes internacionais afetadas e com Israel". O líder do Hamas no exílio, Ismail Haniyeh, advertiu que Israel só conseguirá "a libertação dos presos ao preço estabelecido pela resistência".

A violência também aumentou na Cisjordânia ocupada, tanto com as agressões dos colonos contra os palestinos como com as crescentes incursões do Exército israelense. As Forças Armadas israelenses anunciaram nesta sexta-feira que mataram "ao menos cinco terroristas" em um acampamento de refugiados de Jenin. O Ministério palestino da Saúde informou que duas pessoas morreram em Hebron, no sul, "atingidas por tiros do Exército israelense".

Além disso, os bombardeios israelenses contra depósitos de armas do movimento Hezbollah perto da capital síria, Damasco, mataram dois combatentes pró-Irã, informou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).


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