George Weah toma posse como presidente da Libéria
Lenda do futebol prestou juramento diante do presidente da Suprema Corte no maior estádio da Monróvia
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A influente senadora Jewel Howard-Taylor, eleita vice-presidente de Weah, ex-esposa do chefe de guerra e presidente Charles Taylor (1997-2003), também prestou juramento. Weah prometeu emprego e educação no país africano, 15 anos após atrozes guerras civis (1997-2003), que deixaram 250 mil mortos. "Passei muitos anos da minha vida nos estádios, mas o que sinto hoje é incomparável", disse ele depois de prestar juramento no estádio Samuel Kanyon Doe, nome do ex-presidente do país (1980-1990), o único que não pertencia à elite "americano-liberiana", descendente de escravos libertos nos Estados Unidos e que dominou a vida política nacional por 170 anos.
"Unidos, temos a certeza de alcançar o sucesso como uma nação. Divididos, temos a certeza do fracasso", advertiu, referindo-se à guerra civil. O ex-jogador de futebol sucede a Ellen Johnson Sirleaf, a primeira mulher eleita chefe de Estado na África em 2005, que deixa o poder após dois mandatos consecutivos de seis anos cada. Vários chefes de Estado de países vizinhos participaram do evento, que também contou com a presença de amigos e ex-jogadores de futebol de Weah, ex-estrela do Mônaco, Paris-Saint-Germain e AC Milan.
Weah conquistou o Bola de Ouro em 1995, sendo o único africano a vencer este prêmio que distingue todo o ano o melhor jogador do planeta. Depois de uma derrota durante sua primeira candidatura à Presidência em 2005 contra Sirleaf, ele conseguiu transferir sua popularidade para o cenário político e se tornou senador em 2014. "Esta é a primeira vez que assisto a uma transferência pacífica de poder na Libéria", disse Samuel Harmon, um vendedor de rua de 30 anos.
"Toda a esperança deste povo depende dele (Weah). Todos pensam que, se ele falhar, a maioria das pessoas ficará desapontada com os políticos", completou Harmon.
Sob pressão
Nos seus 12 anos à frente do país, Sirleaf conseguiu manter a paz após as guerras civis que deixaram cerca de 250 mil mortos entre 1989 e 2003. Em relação às reformas econômicas e sociais, porém, seu balanço é menos brilhante, e a pobreza extrema se espalhou no país, um dos piores Estados do mundo em termos de saúde, educação e desenvolvimento. Durante uma missa realizada no último domingo na Monróvia, Weah e Sirleaf mostraram sua unidade após uma campanha eleitoral difícil.
Derrotado por Weah no segundo turno em 26 de dezembro, o vice-presidente em final de mandato, Joseph Boakai, denunciou em um primeiro momento fraudes nas eleições. Seu recurso judicial adiou a realização do segundo turno e, portanto, reduziu o período de transição. O novo presidente teve apenas um mês para formar sua equipe de governo.
A posse "implica continuidade e também uma resposta aos desafios da Libéria", disse o ex-presidente Sirleaf à AFP nesse domingo.
Weah terá de impulsionar a transformação de uma economia deprimida e que depende, em grande medida, da borracha e do minério de ferro, além de tentar atender às expectativas dos jovens que o levaram ao poder. "Eles querem me ver como um ex-jogador de futebol, mas sou um ser humano. Tento ser excelente e posso ter sucesso", declarou no sábado, reafirmando que sua prioridade é manter a paz. Alguns observadores duvidam, no entanto, de sua capacidade de combater a corrupção endêmica no país.
"Ele está sob a pressão de vários círculos eleitorais, e é improvável que nomeie um pequeno governo de especialistas, como anunciou após sua vitória", aponta o analista político Malte Liewerscheidt. Os nomes que circulam "indicam claramente que vamos ver o pagamento de dívidas políticas, o que sugere a continuação de certas práticas, em vez de uma nova era política na Libéria", acrescentou.