Governo argentino ignora referendo nas Ilhas Malvinas

Governo argentino ignora referendo nas Ilhas Malvinas

Posição favorável ao Reino Unido teve 99,8% dos votos

AFP

Posição favorável ao Reino Unido teve 99,8% dos votos

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O governo argentino ignorou nesta terça-feira o resultado do referendo nas Ilhas Malvinas, onde seus habitantes se expressaram a favor de seguir como território de ultramar da Grã-Bretanha. A presidente Cristina Kirchner e seu chanceler, Héctor Timerman, mantinham silêncio nesta terça-feira e apenas a embaixadora em Londres, Alicia Castro, se referiu à convocação realizada no domingo e na segunda-feira aos habitantes das Malvinas. O referendo "é uma manobra midiática que reflete a fraqueza da posição" de Londres, afirmou à rádio argentina FM Millenium Castro, que se tornou a porta-voz oficial sobre o tema.

A posição a favor de que as ilhas continuem sendo território de ultramar da Grã-Bretanha obteve 99,8% dos votos, com apenas três contra, em uma consulta da qual 92% dos 1.672 eleitores ilhéus participaram. A diplomata considerou que o resultado da consulta "expressa a opinião de cerca de 1.600 cidadãos britânicos contra milhares e milhares de pessoas que reconhecem a soberania argentina" sobre as Malvinas.

"Não há novas declarações nem comunicados da chancelaria, e pelo momento não se espera que sejam feitos", disse nesta terça-feira uma fonte do Ministério das Relações Exteriores. O governo argentino quer desacreditar o referendo, ao qual havia classificado de ilegal e carente de base política por considerar que a população britânica foi implantada desde a ocupação em 1833 destas ilhas do Atlântico Sul por parte da Grã-Bretanha.

"Diferentemente de outros casos de colonizações, este referendo não foi convocado pelas Nações Unidas, nem conta com sua aprovação ou supervisão", afirmou Castro. A Argentina exige por via diplomática a soberania sobre o arquipélago austral, depois de ter perdido, em 1982, uma guerra contra o Reino Unido com um registro de 649 argentinos e 255 britânicos mortos.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, pediu nesta terça-feira que a Argentina respeite o resultado do referendo. "Os habitantes das Falkland (nome britânico das Malvinas) não podiam se manifestar com mais clareza. Querem continuar sendo britânicos e todo o mundo, incluindo a Argentina, deve respeitar este ponto de vista", disse Cameron.

"Eles são britânicos e a lei britânica os reconhece como tais, mas o território que habitam não é", respondeu a embaixadora Castro. Ela acrescentou que a "Argentina não tenta mudar sua identidade e seu modo de vida, mas há um direito que não têm, que é de decidir sobre o destino de nosso território ou resolver a controvérsia de soberania".

No entanto, o ex-senador da opositora União Cívica Radical (UCR, social-democrata) Rodolfo Terragno considerou que o resultado do referendo "deu razão à Argentina", que deve levar o resultado ao Comitê de Descolonização da ONU. "Desde ontem (segunda-feira), a Grã-Bretanha não pode mais dizer que os habitantes das Malvinas são uma terceira parte no conflito anglo-argentino", disse o também ex-chefe de Gabinete do governo de Fernando de la Rúa (1999-2001).


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