Governo de Honduras investiga denúncias de negligência em incêndio

Governo de Honduras investiga denúncias de negligência em incêndio

Pelo menos 358 detentos morreram, muitos deles abraçados às barras das celas

AFP e Agência Brasil

Incêndio em penitenciária em Honduras mata pelo menos 358 pessoas

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O governo de Honduras investiga denúncias de negligência durante o incêndio em uma peniteniária na província de Comayagua, no Norte do país, a 90 quilômetros da capital hondurenha, Tegucigalpa. Detentos morreram em suas celas e sem ajuda. "Percebemos que aconteceu negligência na abertura dos portões. Devemos fazer uma investigação exaustiva", disse à AFP o presidente do Comitê para a Defesa dos Direitos Humanos em Honduras, Andrés Pavón.

"A Procuradoria-Geral está a cargo da investigação e estamos cooperando para que tenhamos conclusões preliminares para esclarecer e elucidar responsabilidades neste fato tão lamentável", declarou o ministro da Segurança, Pompeyo Bonilla. Corpos carbonizados abraçados às barras, ao que parece de vítimas da demora dos guardas em liberar o acesso aos bombeiros, foi a cena descrita por sobreviventes e legistas que entraram na prisão. O porta-voz da polícia, Héctor Iván Mejía, rebateu as denúncias e alegou que os carcereiros informaram sobre o incêndio assim que perceberam as chamas.

As autoridades de Honduras confirmam que pelo menos 358 pessoas morreram durante o incêndio. De acordo com dados oficiais, foi o pior incêndio da história recente do país. No local havia 856 detentos – o dobro da capacidade permitida, segundo o ministro da Suprema Corte, Richard Ordonez, que conduz as investigações.

Ordonez disse que o fogo começou em uma ala com 105 presos – apenas quatro sobreviveram. A governadora do estado de Comayagua, Paola Castro, que foi assistente social na prisão, disse que recebeu um telefonema informando que a penitenciária seria incendiada.

O diretor do setor de penitenciária de Honduras, Danilo Orellana, disse que a maior parte dos detentos morreu por asfixia em diversos módulos da prisão. "(Muitos) morreram abraçados, uns se jogaram nos banheiros (na tentativa de escapar)", disse um sobrevivente.

Fotos do local do incêndio mostram corpos carbonizados espalhados pelos corredores. Depois da divulgação de uma lista oficial com os nomes dos sobreviventes, um grupo de cerca de 300 pessoas tentou forçar as grades da prisão para entrar no local, mas os policiais impediram.

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, pediu à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos o envio de uma delegação a Honduras para investigar o incêndio. Além dos mortos, há registros de feridos e queimados levados para diferentes hospitais de Comayagua – cidade de pouco mais de 58 mil habitantes.

Honduras, na América Central, tem elevado nível de criminalidade. Há 24 centros de detenção com capacidade para 8 mil pessoas, mas dados oficiais indicam que há cerca de 13 mil presos no país, que tem 7,7 milhões de habitantes.


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