Governo Merkel pede "mobilização contra o ódio" na Alemanha

Governo Merkel pede "mobilização contra o ódio" na Alemanha

Chanceler tenta reagir a protestos violentos da extrema-direita contra imigrantes

AFP

Chanceler tenta reagir a protestos violentos da extrema-direita contra imigrantes

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A chanceler Angela Merkel pediu nesta segunda-feira aos alemães que se mobilizem contra o "ódio" propagado pela extrema direita, que avança depois de novos episódios de violência durante o fim de semana e que deixaram 20 feridos. "O que nós infelizmente testemunhamos nos últimos dias, incluindo durante o fim de semana, essas marchas de extremistas de direita e neonazistas preparados para a violência, não têm nada a ver com o luto de um homem, mas visam a enviar uma mensagem de ódio contra estrangeiros, políticos, policiais e imprensa livre", enfatizou mensagem do governo.

"Precisamos deixar claro: todo cidadão pode tomar a palavra e tomar uma posição contra a divisão do nosso país", ressaltou. Foi a reação a uma nova passeata do sábado por várias organizações de extrema direita nas ruas de Chemnitz, que reuniu 8.000 pessoas para denunciar a morte de um alemão de 35 anos esfaqueado na rua.

A Justiça prendeu um requerente de asilo iraquiano de 22 anos e um suposto cúmplice sírio pelo caso. Em Chemnitz, 18 pessoas, entre elas três policiais, ficaram feridas no sábado à noite depois da marcha anti-imigrantes e outra contramanifestação de esquerda, que reuniu cerca de 3.000 pessoas. Entre os feridos destaca-se um jovem afegão de 20 anos que levou uma surra de encapuzados, alguns militantes do partido social democrata e uma equipe de televisão.

Liderada pelo partido Alternativa para a Alemanha (AfD), a primeira força de oposição na Câmara dos Deputados em Berlim, a extrema direita tem-se aproveitado deste assassinato para relançar suas críticas aos imigrantes e à política de abertura de Angela Merkel. Os críticos da chanceler a acusam de ter aumentado a insegurança no país, ao receber em 2015 e 2016 mais de um milhão de demandantes de refúgio.

O ministro italiano do Interior, o ultradireitista Matteo Salvini, se somou nesta segunda às críticas contra a política migratória da dirigente alemã. "Angela Merkel subestimou o risco de tensões sociais nos últimos anos, quando afirmou que havia espaço para milhares dessas pessoas na Alemanha", assinalou Salvini sobre os distúrbios de Chemnitz, em uma entrevista difundida nesta segunda à noite pelo canal estatal da televisão alemã, Deutsche Welle.

A mobilização anti-imigrantes beneficia a extrema direita alemã. Segundo as últimas pesquisas, a AfD avança nas intenções de voto, com 16%, e está na terceira colocação, logo atrás do partido social democrata, com apenas 17%.

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