Grupo Wagner: quem são os mercenários que apoiam o exército russo na invasão à Ucrânia

Grupo Wagner: quem são os mercenários que apoiam o exército russo na invasão à Ucrânia

Grupamento privado é comandado pelo empresário russo Yevgeny Prigozhin, aliado de Vladimir Putin

Correio do Povo

Exército mercenário é comandado pelo empresário russo Yevgeny Prigozhin, aliado de Putin

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A cidade ucraniana de Bakhmut foi dominada no último final de semana em meio à invasão russa que já dura 15 meses, desde fevereiro de 2022. Na tomada, o Grupo Wagner foi a principal força de assalto russa. Foi o líder do grupo, Yevgeny Prigozhin, quem anunciou a dominação de Bakhmut. Em seu pronunciamento, ele comunicou que o grupo passaria o controle ao exército russo a partir desta quinta-feira, 25.

Desde o início da invasão da Ucrânia, o Grupo Wagner tem tido grande importância entre as forças russas. O Wagner é uma empresa privada de guerra, um exército mercenário controlado pelo empresário russo Yevgeny Prigozhin, aliado de Vladimir Putin e tido como amigo pessoal e confidente do presidente.

O grupo já atuou em outras frentes, como na Síria e na África, sempre em apoio ao governo russo. No início deste mês, o líder do grupo chegou a anunciar que deixaria Bakhmut, cidade disputada há meses pelos russos, alegando que o governo não entregava munição e não dava condições de combate aos mercenários. Em um vídeo, ele xinga o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, e o general Valery Gerasimov.

Alguns especialistas apontam que a agência de inteligência militar da Rússia, a GRU, financiaria secretamente o Grupo Wagner. O governo russo nega a relação com os mercenários.

A ascensão do “Chef de Putin” 

O conflito na Ucrânia alavancou Prigozhin a uma figura central de poder na Rússia. Ele é proprietário de diversos restaurantes de alto padrão e, anos atrás, passou a atender diretamente o Kremlin, ficando conhecido como o “chef de Putin”.

Sua trajetória envolve prisões por crimes como roubo e furto. A primeira condenação teria ocorrido em 1979, aos 18 anos, por roubo. Após ter a pena suspensa, ele foi condenado novamente, dois anos depois, a 13 anos de prisão por roubo e furto. Cumpriu nove.

Após ser solto, Progozhin teria passado a administrar uma rede de barracas de cachorro-quente em São Petersburgo. Ao longo da década de 1990, conseguiu abrir restaurantes de alto padrão. O empresário conheceu Vladimir Putin no início dos anos 2000 e ganhou a confiança do líder russo.

Além de atender diretamente o Kremlin, suas empresas ganharam contratos estatais também para fornecer refeições a escolas públicas. Durante anos, Prigozhin negou relação com o grupo. No entanto, em setembro de 2022, ele passou a afirmar que havia sido o criador do exército mercenário, em 2014.

Grupo arregimentou presidiários

O grupo era formado principalmente por ex-militares russos. No entanto, no conflito na Ucrânia, além de seus soldados contratados, o Grupo Wagner passou a recrutar prisioneiros para suprir a falta de soldados. Em troca, foram oferecidos a estes presos dinheiro e a liberdade, caso voltem vivos dos confrontos.

De acordo com Prigozhin, foram cooptados cerca de 50 mil presidiários para se somarem aos mercenários contratados. O líder afirma que 10 mil deles morreram em combate. As informações foram dadas em uma entrevista ao blogueiro pró-Kremlin Konstantin Dolgov nesta semana.

"Selecionei 50 mil detentos, dos quais 20% morreram", afirmou. Prigozhin disse ainda que, entre seus combatentes profissionais, a proporção de mortes era semelhante, mas não revelou o número.

Denúncias de crimes de guerra

O grupo foi criado em 2014. Uma das primeiras missões conhecidas foi no mesmo ano, quando mercenários não identificados reforçaram forças separatistas apoiadas pela Rússia na tomada da península ucraniana da Crimeia. O grupo ganhou visibilidade e reputação em função de relatos de brutalidade e denúncias de crimes de guerra, como torturas, estupros e execuções.

Em 2017, seus integrantes foram acusados de torturar, decapitar e incendiar um preso sírio. Em 2018, três jornalistas russos que investigavam a presença do Wagner na República Centro-Africana foram assassinados.

O caso mais recente é do ano passado. Em setembro, Yevgeny Nuzhin, um dos presidiários arregimentados pelo grupo mercenário, se rendeu na Ucrânia. Nuzhin concedeu entrevistas denunciando condições precárias nas frentes de combate. Após ser trocado como prisioneiro de guerra, circulou um vídeo no Telegram que mostrava o ex-combatente sendo executado com uma marreta.


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