Guatemala elege presidente em meio à pobreza e corrupção

Guatemala elege presidente em meio à pobreza e corrupção

A socialdemocrata Sandra Torres lidera as intenções de voto, seguida pelo centrista Edmond Mulet

AFP

A socialdemocrata Sandra Torres lidera as intenções de voto, seguida pelo centrista Edmond Mulet

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Os guatemaltecos votam neste domingo (25) para eleger um novo presidente sem grandes ilusões de superar a pobreza, a violência e a corrupção, após uma campanha marcada pela exclusão de candidatos e perseguição da imprensa. A socialdemocrata Sandra Torres lidera as intenções de voto, seguida pelo centrista Edmond Mulet, do direitista Zury Ríos e do direitista Manuel Conde, segundo as últimas pesquisas.

Os quase 3.500 centros de votação abriram às 07h locais (10h em Brasília), conforme previsto, para receber cerca de 9,4 milhões de cidadãos durante 13 horas. Os primeiros resultados oficiais serão conhecidos por volta das 21h locais (00h de segunda-feira em Brasília).

"Levantamos cedo para votar. Votamos com gosto e depois os presidentes são a mesma coisa", disse à AFP María Chajón, 53 anos, do município de San Juan Sacatepéquez, a 20 quilômetros da capital e habitada principalmente por indígenas.

Há 22 candidatos presidenciais na disputa, algo comum na Guatemala. Se nenhum obtiver a maioria absoluta, haverá um segundo turno em 20 de agosto. O voto é voluntário e a reeleição é proibida.

O presidente de direita Alejandro Giammattei chega ao fim de seu mandato de quatro anos com um índice de desaprovação de 76%, segundo pesquisas. Além disso, nestas eleições serão eleitos 160 deputados, 340 prefeitos e 20 representantes do Parlamento Centro-Americano.

Perseguição a promotores e jornalista

O sistema democrático navega em águas turbulentas na Guatemala, com controle do governo sobre o Judiciário, processos contra jornalistas, exclusão de candidatos e perseguição a promotores que lutaram contra a corrupção.

Há duas semanas, o proprietário de um jornal crítico ao governo, José Rubén Zamora, foi condenado a seis anos de prisão por lavagem de dinheiro, em um julgamento denunciado como abusivo pela Associação Interamericana de Imprensa (SIP). Seu jornal, fundado em 1996, deixou de ser publicado em 15 de maio.

A Associação de Jornalistas da Guatemala registrou 117 casos de violação da liberdade de imprensa em 2022, entre os quais se destacam perseguições judiciais, limitações de cobertura e casos de exílio.

Os Estados Unidos, a União Europeia, agências da ONU e organizações de direitos humanos denunciaram a perseguição de jornalistas e promotores.

Além disso, as autoridades eleitorais e judiciais excluíram da corrida presidencial dois candidatos: o empresário de direita Carlos Pineda e a indígena de esquerda Thelma Cabrera.

Isso tem causado desconfiança e desinteresse nas eleições, o que explicaria o recorde de 13,5% dos cidadãos que pretendem anular o voto. No primeiro turno de 2019, os votos nulos foram de 4,1%.

Pobreza e insegurança

A pobreza e a violência levam milhares de guatemaltecos a emigrar para os Estados Unidos todos os anos. Com 71,1% de informalidade trabalhista, a Guatemala é um dos países mais desiguais da América Latina, segundo o Banco Mundial.

Cerca de 10,3 milhões de seus 17,6 milhões de habitantes vivem na pobreza e metade das crianças menores de cinco anos sofre de desnutrição crônica, segundo a ONU.

Outro problema avassalador é a insegurança, já que a taxa de homicídios na Guatemala é três vezes maior que a média mundial, segundo a ONU.


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