Guerra em Gaza não dá sinais de trégua no primeiro dia do Ramadã

Guerra em Gaza não dá sinais de trégua no primeiro dia do Ramadã

Países se mobilizam para enviar ajuda humanitária ao território palestino

AFP

Israel prossegue com bombardeios em Gaza

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A guerra em Gaza entre Israel e o Hamas não dá sinais de diminuir nesta segunda-feira (11), no início do Ramadã, mês sagrado dos muçulmanos, em plena mobilização internacional para enviar ajuda humanitária a uma população à beira da fome.

Israel voltou a bombardear vários pontos do território palestino, segundo as autoridades do movimento islamista palestino Hamas, em particular a Cidade de Gaza, no norte, Khan Yunis e Rafah, no sul.

"O início do Ramadã está coberto de escuridão, com gosto de sangue e mau cheiro por toda parte", disse à AFP Awni al Kayyal, um deslocado de 50 anos em Rafah. "Acordei na minha barraca e chorei pelo nosso destino. De repente, ouvi explosões e bombardeios. Vi ambulâncias levando mortos e feridos", disse ele, acrescentando que sua família "não terá comida na mesa" depois da quebra do jejum na noite de segunda-feira.

Navio com 200 toneladas de suprimentos

Para tentar aliviar a crise humanitária em Gaza, um primeiro navio fretado pela ONG espanhola Open Arms e carregado com 200 toneladas de suprimentos, está pronto para zarpar de Chipre para Gaza, no âmbito de um corredor marítimo anunciado pela União Europeia.

Alguns habitantes se reuniram em uma praia ao sul da Cidade de Gaza no domingo na esperança de ver o navio chegar. "Disseram que chegaria um navio carregado de ajuda e que as pessoas poderiam comer", disse um deles, Mohamed Abu Baid, à AFP. "Só Deus sabe. Não acreditaremos até vermos", acrescentou.

Mas a ONU, que teme a fome generalizada no território palestino, submetido por Israel a um cerco total desde 9 de outubro, afirma que o envio de ajuda por via marítima e aérea não pode substituir a ajuda por via terrestre.

A ajuda internacional, controlada por Israel, só chega a Gaza a conta-gotas, enquanto as necessidades são imensas, especialmente no norte do território, de muito difícil acesso. A guerra eclodiu em 7 de outubro, com o ataque sem precedentes dos comandos do Hamas em solo israelense, no qual morreram cerca de 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados israelenses.

Além disso, cerca de 250 pessoas foram sequestradas e 130 permanecem cativas em Gaza, das quais 31 morreram, segundo as autoridades de Israel. Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma campanha militar contra o enclave palestino.

Até agora, o conflito deixou 31.112 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do Hamas. Os bombardeios deixaram 67 mortos nas últimas 24 horas, anunciou o Ministério nesta segunda-feira, incluindo quatro pessoas da mesma família que morreram em um ataque à sua casa durante as orações matinais em Rafah.

O Exército anunciou que 15 combatentes islamistas morreram no domingo em operações no centro de Gaza. As operações de busca "seletivas" também tiveram como alvo casas usadas para "atividades terroristas" no bairro de Hamad, em Khan Yunis.

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"Imensa dor"

Apesar de uma nova rodada de discussões no Egito no início de março, os Estados Unidos, o Catar e o Egito – os três países mediadores – não conseguiram chegar a acordo sobre uma trégua.

Uma fonte próxima das negociações disse à AFP no domingo que haverá uma "aceleração dos esforços diplomáticos nos próximos dez dias". O Hamas exige um cessar-fogo definitivo e a retirada das tropas israelenses antes de qualquer acordo sobre a libertação dos reféns detidos em Gaza.

Israel exige que o movimento islamista forneça uma lista dos reféns que ainda estão vivos, mas o Hamas afirmou que não sabe quem entre eles está "vivo ou morto". Em Washington, o presidente americano Joe Biden, que elevou o tom nos últimos dias com Israel, disse que o Ramadã "chega em um momento de imensa dor".

"Quando os muçulmanos se reunirem em todo o mundo nos próximos dias e semanas para quebrar o jejum, muitos estarão muito conscientes do sofrimento do povo palestino. Eu também estou", disse ele.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou a sua "solidariedade e apoio a todos aqueles que sofrem com os horrores em Gaza". "Nestes tempos difíceis, o espírito do Ramadã é um farol de esperança, um lembrete da nossa humanidade compartilhada", escreveu ele na rede social X.


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